Depoimento de uma emigrante qualificada na precariedade e desprezada no conhecimento
Trabalho desde os 18, na altura com um contrato verbal, sem descontos para a Segurança Social e que ao fim de 6 anos foi suspenso pelo empregador. Na altura tive de lutar pelo meu direito a receber uma indemnização.
Após acabar a licenciatura iniciei a minha actividade profissional numa Instituição Pública com um contrato de prestação de serviços. Assim estive a passar recibos verdes durante 7.5 anos, até que resolvi sair e continuei a trabalhar, numa universidade, como Bolseira de Investigação.
Entretanto acabei o mestrado. Ao fim de 1.5 anos a bolsa terminou e não foi renovada, fiquei no desemprego sem direito a qualquer tipo de apoio, apesar de ter quase 10 anos de descontos. Passados 6 meses consegui um contrato a 3 anos numa empresa privada, infelizmente esse contrato foi rescindido mais cedo (1.5 anos) por razões que ultrapassaram quer a vontade da empresa quer a minha.
Vi-me novamente no desemprego mas desta vez, e para grande alívio meu tive direito a subsídio de desemprego. Novamente à procura de emprego, mandei mais de 100 candidaturas das quais nem 50% de respostas recebi, do total, talvez apenas 2% tenham sido para Portugal. Felizmente consegui um contrato de 3 anos, mas vou ter de sair do país.
O que me entristece é o facto de Portugal não aproveitar a minha formação e experiência, não dar valor aos conhecimentos que adquiri ao longo dos anos, mas vou para um sítio onde isso acontece, onde a experiência é mais importante que saber o programa X ou Y.
Não desisto, mas sei que lutar contra a maré é perder energia, mais vale saber esperar pacientemente e atacar novamente quando as condições forem novamente favoráveis.
JB






