Desemprego jovem: governo quer combater incêndio com uma pipeta

Ontem descobriu-se que o desemprego em Portugal já estava nos 14,8%, ultrapassando as piores previsões do Governo para 2012 e, sabendo que não tinha nenhuma solução para o problema que criou, Passos Coelho anuncia hoje um conjunto de medidas de “combate ao desemprego jovem” que “poderão beneficiar” entre 77 mil e 165 mil jovens.

A ideia é criar um programa chamado “Impulso jovem” e, com 351,7 milhões de euros de fundos comunitários retirados de outros projetos, promover o “passaporte emprego” que permite que os jovens desempregados há mais de quatro meses acedam a estágios profissionais em empresas. Se as empresas “contratarem” o estagiário – aparentemente sem ter em conta o tipo de contrato – o governo prolonga a bolsa por mais seis meses. Depois o governo quer apoiar o “empreendedorismo”, promovendo o regresso dos jovens à agricultura.

Passos Coelho tenta assim apanhar a onda que Durão Barroso criou em Bruxelas sobre o desemprego jovem, mas, infelizmente, apresenta apenas medidas requentadas (o Governo Sócrates apresentou várias vezes programas semelhantes) que não são mais do que tentar apagar um incêndio com as gotas saídas de uma pipeta. 

Com a apresentação deste programa o Primeiro-ministro expõe-se ao ridículo, pois são as medidas do regime de austeridade que impõe que estão a criar o problema que agora finge pretender resolver.

O desemprego jovem (até aos 25 anos) em Portugal já ultrapassa os 35% e soubemos ontem mesmo que o número de desempregados licenciados que emigraram aumentaram 49,5% entre 2009 e 2011, situação que só poderá piorar nos próximos meses e que mascara os números do desemprego reais. Sabemos também que muitos desempregados já nem sequer se inscrevem nos centros de emprego, pelo que o número total de desempregados poderá rondar, de acordo com alguns estudos, os um milhão e duzentos mil.

A questão é essa mesmo, a única maneira de combater o desemprego, dos jovens e dos menos jovens, só se faz garantindo que o país não perde os seus quadros mais qualificados e que estes encontram as condições necessárias para contribuírem para a melhoria da economia.

Quando exigimos o combate à precariedade e exigimos trabalho com direitos sabemos que isso é a condição imprescindível para que Portugal possa sair da crise.

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