Desemprego real: 29%
O Observatório sobre Crises e Alternativas estima em 29% o desemprego real para 2014. Ao contrário dos 13,5% oficiais, números do INE, o observatório contabiliza os ocupados, os inactivos, os migrantes e os subempregados. A retórica e a recuperação do emprego baseada em camuflagem dos números reais de desempregados são permanentemente desmascaradas e a diferença entre os números oficiais e reais do desemprego é cada vez maior. O desemprego e a precariedade continuam a aumentar, a vida continua a degradar-se.
É de 29,1% o valor alcançado pelo Barómetro das Crises. Aos números oficiais do INE foi somada a gigante fatia de pessoas desempregadas que são excluídas das estatísticas oficiais, concretizando de facto que o desemprego real poder ser mais do dobro daquele anunciado pelo governo. Os inactivos desencorajados, os activos migrantes e o subemprego são contabilizados (nas nossas estatísticas não contamos com os subempregados como desempregados, mas é uma interpretação possível) para revelar o nível real da degradação social e do Trabalho a que se assiste no país. Segundo os Precários Inflexíveis, o número de desemprego real é um pouco mais baixo: de 24,5% (excluímos os subempregados que o Observatório inclui).
Os “ocupados”, isto é, aqueles que o IEFP e a Segurança Social estão a colocar em formações e Contratos de Emprego-Inserção, por exemplo, atingem “níveis absolutamente inéditos na história recente do mercado de trabalho português”: se até 2012, o número nunca excedeu 40 mil, no final de 2014 atingia 171 mil.
O Observatório desmente a existência de uma subida do emprego ou descida do desemprego afirmando que, ao contrário, “é mais adequado falar-se numa situação de estabilização do desemprego em níveis bastante elevados”. O próprio emprego criado assenta “em bases frágeis”, isto é, precárias, instáveis e mal pagas.
Para os ativos migrantes, o aumento da emigração e a redução do saldo (entradas e saídas) de cidadãos estrangeiros em idade ativa (imigrantes) produz uma diminuição de população ativa e uma aparente diminuição do desemprego (já que estes ativos deixam de contar tanto para efeitos de desemprego efetivo como de desemprego desencorajado).
O Observatório entende ainda que há uma “elevada possibilidade” de que a amostra usada pelo INE para estimar o universo de desempregados esteja “mal calibrada”. O Observatório observa ainda uma divergência crescente entre o Desemprego “Oficial” do INE e o Desemprego “Real”, isto é, as estatísticas oficiais são cada vez menos realistas.
No primeiro trimestre de 2011 o diferencial entre desemprego oficial e real era de cerca de quatro pontos percentuais, em 2013 passava para oito pontos percentuais e hoje atinge onze pontos percentuais no final de 2014. Se às estimativas de Desemprego “Real”, juntarmos ainda o subemprego, essa diferença passa de sete pontos percentuais em 2011 para treze pontos percentuais em 2013, atingindo um valor de dezasseis pontos percentuais no final de 2014. Quanto maior o desemprego, maior a mentira que é preciso criar para dizer que ele não existe. A realidade é que teima em existir.