Desemprego sem parar

O desemprego não pára. É a desgraçada confirmação da crise da ganância, que, infelizmente, está a ser paga por quem não tem culpa.

O Director-Geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, afirmou hoje, durante a Conferência Internacional do Trabalho que se realiza em Genébra, que “o mundo pode assistir a uma crise do emprego e da protecção social com duração de seis a oito anos“.

Na rádio TSF, a Comissão de Trabalhadores anuncia que “a administração, por proposta da direcção, irá proceder à extinção de [entre 6 e 10] postos de trabalho, adiantando ainda que será marcado um plenário de trabalhadores para discutir o assunto, “o mais urgentemente possível”.

Um recente estudo do economista Eugénio Rosa – a que já havíamos feito referência anteriormente – mostra, entre outras coisas, que “o Governo é [directamente] responsável por 70% do novo desemprego“, conforme noticia hoje o jornal “Destak”: entre 2005 e 2008, foram destruídos mais de 58 mil postos de trabalho na Administração Pública.

Na Riopele, uma empresa do sector têxtil de Famalicão, paira a ameaça de despedimento colectivo sobre mais de 200 trabalhadores e trabalhadoras. O jornal online “Setúbal na rede” confirmava ontem cenário idêntico na Taiyo Singapore. São mais dois tristes exemplos, a juntar a tantos outros, que não vamos conhecendo todos os dias: o número de pessoas ameçadas pela desgraça do despedimento colectivo aumentou este ano, em Portugal e relativamente a período igual em 2008, 537%!

Este cenário de desastre social e subida brutal do desemprego é confirmado pelo Eurostat, que avança números para Portugal ainda piores do que os indicados pelo Instituto Nacional de Estatística: segundo aquele organismo europeu, o desemprego em Portugal já atingiu os 9,3% em Abril (notícias aqui ou aqui, por exemplo) e adianta ainda que mais de 20% dos jovens não encontram emprego neste país. Contas feitas, em apenas um ano, há mais 91 mil desempregados e desempregadas em Portugal. Números oficiais, bem entendido.

Perante esta brutal realidade, Vieira da Silva insiste em dizer que a culpa é da crise, ao mesmo tempo que se desmarca dizendo que “está à espera de sinais mais positivos” e “não assume” que o desemprego esteja a atingir já mais de 500 mi pessoas. A verdade, como está bom de ver, é que somos muitos mais do que os números nos dizem.

A CGTP já veio dizer que estes números revelam “a fragilidade da nossa economia, a ineficiência das políticas prosseguidas e o logro da promessa da criação de mais emprego feito pelo PS durante a campanha eleitoral”, sublinhando ainda que o modelo “assente em baixos salários e no trabalho precário e desqualificado” tem que ser alterado.

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