É este o homem mais rico do país
Grupo Amorim acusado de exercer pressões sobre trabalhadores
Alberto Oliveira e Silva
Segundo o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN), o Grupo Amorim, sediado em Santa Maria da Feira, estará a usar o despedimento, recentemente decidido, de 193 trabalhadores de duas suas empresas para coagir à docilidade laboral os restantes operários. “Começaram a contactar outros trabalhadores para lhes dizerem «vejam lá como se portam, senão…»”, sublinhou Germano Gonçalves, dirigente e delegado sindical, durante a realização de uma vigília contra os despedimentos e a precariedade laboral, decorrida na noite de sábado junto à Câmara feirense. Acrescentou que o Grupo Amorim usou o argumento do “dinheiro”, além de “acções psicológicas” – que não especificou –, para acertar a rescisão de muitos dos trabalhadores dispensados, de forma a que estes não lutassem pelos seus postos de trabalho.
Tanto este sindicalista como Alírio Martins, presidente do SOCN, vincaram que a continuação “da luta” pelos empregos e contra a precariedade laboral é o único caminho que se depara ao movimento operário. Por seu lado, Joaquim Almeida, coordenador da União de Sindicatos de Aveiro (USA), traçou um quadro negro no que à região e ao emprego diz respeito. “Mais de 33 por cento da população activa do distrito está desempregada ou em precariedade”, registou. Especificou que, no final do ano passado, o distrito de Aveiro contabilizava, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, “mais de 40 mil desempregados e cerca de 92 mil trabalhadores em situação de trabalho precário”. Joaquim Almeida salientou ainda que, desde o início de 2009, 17 empresas do distrito de Aveiro anunciaram e concretizaram o despedimento de mais 1.200 trabalhadores.
Refira-se que esta acção contou com a presença de outros dirigentes sindicais, entre os quais Fernanda Moreira, coordenadora em São João da Madeira do Sindicato do Calçado dos distritos de Aveiro e Coimbra, tendo todos eles arregimentado os trabalhadores e “a população em geral” contra as medidas tomadas pelas empresas. Reprovam essencialmente as grandes firmas e as multinacionais. A “inacção” do Governo também foi denunciada pelos vários oradores.
A vigília contou ainda com as presenças dos deputados Agostinho Lopes, do PCP, e João Semedo, do Bloco de Esquerda, que deixaram palavras de apoio à luta dos trabalhadores e críticas às grandes empresas e ao executivo de Sócrates.