“Eles comem tudo”
“O gigante sueco do mobiliário IKEA prevê o despedimento de cerca de cinco mil pessoas devido à crise económica. Estes despedimentos surgem num ano em que o grupo deverá registar um lucro recorde de 21,5 mil milhões de euros”.
Mais uma vez, com a desculpa da crise e em nome da competitividade se rebenta com a vida de 5000 pessoas numa empresa que bate recordes lucrativos. Estes argumentos estão na moda entre patrões e governantes e são a desculpa para a chantagem do despedimento que recai sobre os trabalhadores, semeando o medo, empurrando-os para a submissão e dando espaço à exploração. Patrões e governos querem os trabalhadores divididos e utilizam a chantagem do despedimento para isso mesmo, querem que estes compitam entre si de modo a assegurarem o seu trabalho, mesmo que precário. Temem a auto-organização dos trabalhadores porque reconhecem a sua capacidade de transformação e não estão dispostos a perder os lucros milionários que são resultado deste roubo.
Estes “abutres” só apelam à união e à solidariedade entre trabalhadores quando se trata de livrar o “país” (os negócios dos grandes patrões, nacionalizando bancos, etc.) da crise. Temos até o caso recente da British Airways que conseguiu convencer 7000 trabalhadores a trabalhar à borla durante um mês para “salvar” a empresa e os postos de trabalho.
É preciso perder o medo, experimentar novas e velhas formas de dar voz aos trabalhadores, interpretar o local pensando no global e perceber que não estamos sós. Nada é inevitável, mas se nada fizermos “eles comem tudo”.