Eles vivem em cima das nossas possibilidades

António Saraiva, presidente da CIP, patrão dos patrões, veio a público, desta vez no âmbito da 10ª Conferência Anual do Conselho Empresarial onde integrou o painel “Desafios Nacionais Para Um Desenvolvimento Sustentável”, e afirmou a “necessidade” de extinguir serviços públicos e apertar ainda mais o cinto a quem trabalha, cortando nas despesas, recorrendo ao desenvergonhado e repetido argumento de que andamos todos “a viver acima das possibilidades”. Afirmou que “o Estado líder tem de dar o exemplo” e não se opôs à eliminação do 13º mês a que todos os trabalhadores têm direito.
E concluiu brilhantemente:
“Não posso é exigir aos outros o que eu não faço”.
Para António Saraiva, o desenvolvimento sustentável passa pela degradação das condições de vida para a totalidade dos trabalhadores e pela entrega de facilidades e regalias ao patronato: salários baixos, flexibilidade, privatizações, redução nos descontos para a segurança social (dos patrões), cortes nos apoios sociais, lay-offs, etc.
Relativamente à supracitada conclusão de António Saraiva, ficam algumas questões:

António Saraiva defende que o ordenado mínimo não pode subir, estará ele disposto a viver com um ordenado de 475€ mensais?
Se estivesse nessa situação, importar-se-ia de ficar sem 13º mês?
E a sofrer os actuais cortes nas prestações sociais aprovados pelo PEC1 e 2?
E a perder o acesso ao ensino, à saúde e a outros serviços públicos?
Este é o plano de sustentabilidade de António Saraiva e dos patrões que este representa. E é exactamente isto que patrões e Governantes exigem à totalidade dos trabalhadores: que vivam uma vida que nenhum deles está disposto a viver. Eles vivem acima das nossas possibilidades! Ou melhor, eles vivem em cima das nossas possibilidades. O banquete deles é a nossa precariedade.
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