Entrevista a Carvalho da Silva
Hoje, Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, foi entrevistado pelo DN e pela TSF (texto, vídeo), e começou por fazer um balanço positivo, de uma greve da função pública que, apesar do difícil contexto actual de precarização das relações de trabalho que dificultam a mobilização de trabalhadores, conseguiu juntar muita gente e ter repercussões múltiplas em vários sectores.
Virou o bico ao prego no discurso dominante entre patrões e governantes: “A crise não é o valor das acções no dia-a-dia da Bolsa, isso faz parte de um outro jogo, a crise é o desemprego, a precariedade, a pobreza, as desigualdades”, alertando que não se sai desta situação “com as receitas do costume”, que são sempre, mais do mesmo. Confrontado com a questão da solidariedade social, levantou o problema da isenção de impostos na especulação financeira: “se um indivíduo, qualquer um de nós, que ganha um euro pelo trabalho, paga imposto… esse euro que ele ganha pelo trabalho é menos digno do que um que se ganha na especulação financeira ou que se manipula nos bens mobiliários? Porque não pagam esses impostos?”
Deixou o recado a Helena André – já ministra do trabalho aquando da subida do ordenado mínimo nacional, suportada em 84% pelo Estado – que os salários não representam subsídios, “mas uma parte da produção de riqueza”.
Perante tantos problemas são precisas respostas fortes por parte dos trabalhadores, que são a parte mais fraca, pois, tal como Carvalho da Silva afirma: “há um desequilíbrio enorme de poder entre os representantes do capital e o trabalho”. E, pensando na resposta, sublinha a necessidade: “de unidade na acção e mobilização”; “de todo o desenvolvimento de capacidades de luta dos trabalhadores e do povo português para que as coisas mudem”. É aqui que nós, Precários Inflexíveis, nos situamos, acrescentando força a um combate que diz respeito a todos os trabalhadores e querendo dialogar com os diversos sectores, porque sabemos que não estamos sós e é preciso rebentar com o isolamento imposto por quem nos quer, uns contra os outros.
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