Estudo aponta para generalização da pobreza

A Organização Não Governamental TESE desenvolveu, com a coordenação científica do Centro de Estudos Territoriais do ISCTE, um estudo sobre o rendimento disponível dos agregados familiares em Portugal. “Necessidades em Portugal – Tradição e tendências emergentes” aponta para resultados reveladores e dramáticos: 28% dos agregados vivem com menos de 500 euros por mês e 29% contam apenas com rendimentos entre os 500 e os 900 euros mensais. Ou seja, 57% das famílias em Portugal têm que viver com menos de 900 euros mensais.

Os resultados deste estudo revelam a brutalidade das políticas anti-sociais que nos conduzem para níveis de pobreza preocupantes, adiantando ainda que cerca de um terço da população vive “um contexto de precariedade”. Números que confirmam o que vimos afirmando há muito e que teriam que conduzir a mudanças nas prioridades deste Governo.

Neste retrato do país, os 20% de pobres é um número assustador, mas que esconde ainda muitas outras pessoas que declaram fazer escolhas difíceis num contexto de privação, como, por exemplo, os 51% que dizem abdicar das baixas médicas para não reduzir ainda mais o parco rendimento.

O estudo revela ainda que grande parte destas pessoas não estão protegidas por qualquer prestação social, uma vez que, embora não tendo rendimentos suficientes para enfrentar as suas necessidades básicas, não cumprem os critérios para beneficiar do apoio que deviam.

O Estado Providência em Portugal está hoje no limiar da caridade e, de facto, não é capaz de enfrentar o fenómeno crescente da pobreza. O aumento brutal do desemprego e precariedade certamente agravará este cenário.

Estes números são brutais. Por trás deles estão milhões de pessoas. Será que Sócrates e Vieira da Silva algum dia perceberão que, em vez de propaganda e favores aos poderosos, é esta a maior urgência deste país?

“Relatório de Progresso” do estudo, aqui.

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