Há pouco mais de um mês a Nokia Siemens Networks, na pessoa do seu director João Picoto, anunciou no Palácio de Belém perante o Presidente da República o crescimento e investimento da empresa em Portugal, em particular a criação de um centro de serviços de dimensão global. João Picoto agradeceu ainda ao PR o particular contributo dado para a captação desse projeto aquando da realização da visita no passado mês de Fevereiro à casa-mãe na Finlândia.No entanto, a política de expansão da empresa passa pela contratação de mão-de-obra com vínculo precário, nomeadamente através de Empresas de Trabalho Temporário (ETT).
O trabalho prestado por muitos dos trabalhadores contratados é realizado através de empresas de trabalho temporário. Entre as mais conhecidas estão a Multipessoal (ou Upgradem, do grupo BES – Banco Espírito Santo), a Ranstad Technologies, empresa do grupo Randstad vocacionada para o recrutamento e outsourcing nas áreas de IT e Telecomunicações, a Pontotech ou a Reditus. Todas elas intermediárias entre os trabalhadores e a Nokia Siemens Networks.
Os trabalhadores destas grandes empresas, quando sub-contratados por ETTs, mantêm horário de trabalho, respeitam uma hierarquia, picam o ponto, têm um cartão igual ao dos restantes trabalhadores, usam os meios da empresa (PC, Telefone, etc ) ou têm um posto de trabalho fixo.
A expansão do negócio das ETTs introduz a precariedade de forma crescente nas áreas de Telecomunicações e IT, que até há pouco apareciam resguardadas do flagelo social da precariedade. Multinacionais como a Nokia Siemens Networks gerem a sua produção e força de trabalho aproveitando a política de baixos salários e precarieade generalizada em Portugal.
Tudo com a bênção do Presidência da República e dos governos da austeridade. Cavaco Silva, PR, podia aliás ter referido o aproveitamento pelas grandes empresas dos esquemas da precariedade, quando afirmou no discurso da 38ª Sessão Comemorativa do 25 de Abril: “Por mais de uma vez, sublinhei a importância de falar verdade aos Portugueses. Agora, a verdade dos tempos difíceis é reconhecida por todos. Estou plenamente consciente da situação do País, dos problemas concretos dos Portugueses: o desemprego ou a precariedade do emprego jovem“
A verdade é que Cacavo Silva é um dos mais antigos políticos profissionais em Portugal. E que se saiba, não combateu nunca a precariedade e a exploração. Antes pelo contrário… verdade seja dita.