FCT nega dinheiro e investigadores a 154 unidades de investigação
Saíram esta semana os resultados da candidatura de 2013 das unidades de investigação a fundos públicos.
Mais uma vez, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) não surpreendeu e, tal como aconteceu no início do ano com as bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento, houve cortes drásticos e fortemente contestados.
Das 322 instituições que se candidataram, 71 tiveram classificação inferior a “bom”, sendo-lhes negado qualquer financiamento até ao próximo período de avaliação, entre 2016 e 2017. Outras 83 foram classificadas como “bom”, e receberão um financiamento que poderá ser tão ridículo como 5000€ anuais.
Estas 154 unidades de investigação, metade das que se candidataram, estarão fora da corrida para contratar investigadores, uma vez que a avaliação das instituições entra para a avaliação das bolsas atribuídas. Como apenas 10,1% dos candidatos a bolseiros de doutoramento e 8,7% dos candidatos a bolseiros de pós-doutoramento receberam uma bolsa no último concurso, não haverá qualquer hipótese para as instituições com classificação de “bom” ou menos de obterem apoio para entrada de mais investigadores no próximo concurso.
Sem dinheiro e sem pessoas, estas 154 unidades de investigação estão destinadas ao desaparecimento, ou à sobrevivência a partir da prestação de serviços externos.
Esta avaliação terá ainda fortes repercussões no próximo concurso a bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento (cuja abertura já está com um atraso de 3 meses relativamente ao garantido pela FCT), uma vez que candidatos associados a instituições com má classificação verão a sua própria classificação geral prejudicada.
A avaliação foi entregue a um painel de investigadores da Fundação Europeia para a Ciência, que o Conselho de Laboratórios Associados descreveu como sendo “uma organização sem experiência na matéria, em graves dificuldades e em vias de extinção” (notícia aqui). Também Carlos Fiolhais, físico da Universidade de Coimbra que tem vindo a criticar publicamente a FCT e o Ministério da Educação e Ciência (notícia aqui), afirma que “há falta de transparência” na realização do processo de avaliação.
O discurso da excelência não consegue esconder o que realmente está a ser feito: a morte da investigação em Portugal.
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