FCT promove chantagem a bolseiros em inquérito sobre contratos

Em email enviado recentemente pela Fundação para a Ciência e Tecnologia aos investigadores bolseiros em Portugal, assinado pela Directora do Departamento de Formação Avançada da FCT, Paula Mira, foi solicitada a resposta a um inquérito feito pela ANICT (Associação Nacional de Investigadores em Ciência e Tecnologia) acerca da conversão das bolsas de pós-doutoramento em contratos de trabalho. Neste inquérito a ANICT repete não uma, mas duas vezes, que se se converterem as bolsas de pós-doutoramento em contratos apenas dois em cada três investigadores poderão continuar a ser financiados. O condicionamento explícito e reiterado no inquérito torna-o num vulgar instrumento de propaganda e repetição de lugares-comuns, indigno de resposta.

FCT

Depois das reiteradas declarações do Ministro Manuel Heitor, a FCT vem agora dar azo a um inquérito enviesado, baseado em pressupostos desconectados de uma nova realidade que tem de implicar um aumento do financiamento à Ciência e que condiciona reiteradamente a resposta dos inquiridos.

O objectivo da ANICT é obter uma de três respostas: que os bolseiros de pós-doutoramento não devem ter pleno direito aos seus direitos legais e laborais e ao respectivo contrato de trabalho; que os bolseiros de pós-doutoramento devem aceitar uma redução de vencimento na conversão ao contrato de trabalho; que se aceite que um terço dos pós-doutorandos em Portugal financiados pela FCT sejam despedidos. A desfaçatez destes pressupostos só pode levantar suspeições acerca dessa associação, sobre quem ela representa e sobre que objectivos defende. Com bolsas congeladas há  14 anos, com um sistema científico altamente deficitário em recursos humanos e com a precariedade generalizada no sector, este inquérito defende a manutenção de um status quo podre e com os dias contados. Infelizmente a Fundação para a Ciência e Tecnologia, na qual se depositavam neste novo ciclo político legítimas aspirações num sentido de melhorar a Ciência, a Tecnologia e a vida das pessoas que as fazem, decidiu utilizar os seus meios para divulgar este inquérito, promovendo assim esta perspectiva enviesada do que é e do que pode ser a Ciência em Portugal, assim como dos compromissos assumidos no programa do actual governo. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior continua a revelar-se inapto para o novo ciclo político.

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