Ferraz da Costa assume a ofensiva e propõe baixar a TSU em 20 pontos percentuais

O currículo de Ferraz da Costa fala por si. Já foi o patrão dos patrões, passando a pasta da CIP a Van Zeller. Actualmente preside ao Fórum para a Competitividade, uma organização que agrega os principais interesses privados do país, para os defender: é impressionante olhar para a lista de poderosos que se juntam nos órgãos sociais deste dito Fórum.
Assim se entende que Ferraz da Costa, em entrevista concedida ao jornal i, tenha passado ao ataque. Numa agressiva linha patronal, defendeu a redução da Taxa Social Única em 20 pontos percentuais. Com esta proposta, as contribuições para a Segurança Social a pagar pelos patrões passariam para apenas 3,75%, uma redução de mais de 84%. Sem papas na língua, defendeu que o rombo na Segurança Social seja parcialmente compensado com mais impostos sobre o consumo. Ou seja, os trabalhadores pagariam duas vezes. É a degradação do salário em duas frentes, na descapitalização da Segurança Social e no aumento de impostos. Uma transferência descarada da maioria das pessoas para quem já vive da acumulação.

A entrevista tem mais pontos de interesse. Nela se percebe como Ferraz da Costa está confortavelmente numa posição e num contexto em que pode dizer tudo. As suas palavras são uma síntese das ambições patronais e económicas dos grandes grupos e famílias que vão mandando no país. Fala, sem surpresa, na alteração do Código do Trabalho. Mas aponta claramente o objectivo de alteração da Constituição para destruir os instrumentos de negociação colectiva e atacar os sindicatos. Defendeu, é claro, mais austeridade, mais troika em cima da troika. Falou num povo gastador, que precisa de moderar o consumo (mais IVA, menos salário). Está obviamente de acordo com a decisão de cortar nos gastos com a saúde (ele bem sabe que é preciso destruir o SNS para que os interesses privados, com amplo assento no seu Fórum, tomem o seu lugar).
Ferraz da Costa tem as costas quentes, interesses a defender e sabe que este é o ciclo político para aproveitar tudo. Na clareza destas declarações sabemos que não há engano: uma minoria privilegiada quer tirar ao conjunto da sociedade os seus direitos, rendimentos e instrumentos de protecção e organização colectiva.
aqui a entrevista de Ferraz da Costa ao jornal i.
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