FMI considera saída islandesa da crise um caso de sucesso

Em dois referendos ganhou o não pagamento de parte da dívida
O Fundo Monetário Internacional veio recentemente elogiar o plano de ajustamento da Islândia, que teve como princípio o não pagamento das dívidas a alguns credores (ver ICESAVE) e a manutenção de um Estado Social que protege os desempregados. Este caminho levou a uma rápida recuperação económica, quando nos lembramos que no início da crise a Islândia tinha uma dívida dez vezes superior ao seu PIB por ter enveredado por um caminho de especulação financeira e dinheiro fácil que se provou insustentável.


Mas é curioso que o FMI venha reconhecer o sucesso da política islandesa quando na Grécia, na Espanha, na Irlanda e em Portugal o Fundo obriga os países a pagarem a totalidade da sua dívida externa, ainda que os cidadãos e as cidadãs não saibam o que estão a pagar, nem a quem. Pelo contrário, na Islândia, foram feitos dois referendos onde as pessoas votaram contra o pagamento da dívida do IceSave aos especuladores britânicos e holandeses. A Islândia implementou também uma restrição da circulação de moeda, para limitar a fuga de capitais, algo que tem acontecido tanto em Portugal como na Grécia.

Afinal, mesmo o mais ortodoxo dos players internacionais, tem de reconhecer que não há só um caminho para lidar com a crise. Mas atenção, a Islândia está sob um programa de ajustamento e também foi “resgatada” pelo FMI, no entanto, os seus cidadãos e cidadãs não aceitaram o regime de austeridade e protegeram o seu Estado Social em detrimento dos lucros dos credores.

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