FMI insiste: é preciso mais precariedade
O FMI enviou hoje para o governo português um cheque de 910 milhões de euros – mais uma tranche do empréstimo da troika que terá no total um custo de 34 mil milhões de euros em juros – e imediatamente impôs condições: o aumento da precariedade.
De acordo com da nota do 10º exame do Programa de Assistência Económica, Portugal tem de fazer “uma maior flexibilização” do mercado laboral. Os técnicos da troika deixam claro que não há nenhuma “ajuda económica”, mas sim dinheiro que impõe condições aos portugueses.
Aliás, o relatório do Parlamento Europeu sobre a ação das troikas nos variados países indica que “as contrapartidas às ajudas da troika merecem discussão”. Porque, tal como neste caso o FMI quer mais precariedade em Portugal, também na Grécia, Chipre e Irlanda a troika deu ordens aos governos, sem legitimidade democrática para o fazer.
O deputado relator do relatório, Hoang Nogc, já dizia em janeiro deste ano que: “O FMI queria mais reformas das leis do trabalho, a Comissão Europeia uma consolidação orçamental rápida, fizeram-se as duas coisas, utilizaram-se os dois travões ao mesmo tempo” e “é por isso que não arranca o crescimento português e a dívida aumenta”, porque “mesmo que Portugal saia este ano do programa de ajustamento, o problema da dívida continuará porque as políticas de austeridade mataram o crescimento.”
E, quando a troika sair de Portugal, não vai ser um sucesso porque os orçamentos nacionais vão estar sujeitos à austeridade eterna do Tratado Orçamental e a um visto prévio da Comissão Europeia que assim decide antes dos deputados eleitos as medidas que o Governo pode tomar.
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