FMI sugere expropriar 10% da riqueza das famílias para baixar a dívida pública
Já não notícias propriamente surpreendentes nos dias de hoje, uma vez que a banalização do mal e a normalização do saque foram uma realidade introduzida gradualmente pelo governo, pela troika e pelos media. No entanto fica mais uma nota do se passa na cabeça dos arquitectos do regime da austeridade: num relatório do FMI na semana passada, o organismo propõe confiscar 10% de todo o património das famílias e usar esse confisco para repôr a dívida pública nos níveis de 2007.
Embora seja exactamente o contrário disso, e como a troika já nos vem habituando, queriam apelidar este “imposto” de tributo especial “sobre o capital”, embora isente exactamente o capital da contribuição. A ideia foi avançada na passada quarta-feira no informe do FMI sobre Vigilância Fiscal. Neste relatório o fundo diz que é necessário aumentar os impostos e as bases de tributação e aumentar a tributação indirecta (novas subidas do IVA) para reduzir o défice.
A medida do saque de 10% do património de todas as famílias é admitida pelo FMI como um confisco “excepcional”, aplicado de uma só vez, para reduzir o impacte sobre o investimento e a provável fuga massiva de capitais. O dinheiro do confisco seria aplicado directamente na amortização da dívida pública. O FMI considera que esta medida poderia ter êxito, comparando-a por exemplo, com a possibilidade também em cima de mesa de simplesmente deixar de pagar salários para pagar a dívida pública com esse dinheiro.
Para o confisco não haveria distinções, diz o FMI, sendo aplicável a todas as famílias. Relembra momentos históricos em que medidas similares a esta ocorreram, como a Itália fascista dos anos 20 ou o Japão ocupado após a derrota na 2ª Guerra Mundial (na altura usando essa riqueza para pagar reparações de guerra).
Não há limites para o mal que esta intervenção externa pode causar. Caso a troika e o governo não sejam travados, continuarão a destruir, pedra-por-pedra, todo a sociedade e o país. Só a luta popular pode travar a barbárie austeritária. Dia 19 de Outubro temos de estar nas pontes. Dia 26 de Outubro temos de estar nas ruas. E muitos dias mais. Teremos de derrubar a troika e quaisquer governos da troika que queiram manter a destruição. Eles não nos tirarão da situação em que nos puseram. Só nós podemos reconquistar as nossas vidas e encontrar a saída para a crise que eles criaram.
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