Formadores a recibo verde com salários em atraso há mais de um ano – empresa "Preparar o Futuro", SEMA e IAPMEI fogem às responsabilidades

“A SEMA associação Empresarial de Sever do Vouga, Estarreja,Murtosa e Albergaria [reconhecida como instituição de utilidade pública] deve milhares de euros a dezenas de formadores que trabalham a recibo verde. Uma contenda qualquer entre o IAPMEI [Instituto de Apoio às pequenas e Médias empresas e à Inovação], uma empresa chamada “Preparar o Futuro” e a referida SEMA não permite que pessoas que cumpriram o seu trabalho há mais de um ano recebam aquilo a que têm direito e que foi contratualizado. Restam as injunções que têm custos e as perseguições veladas aos formadores. O Presidente da SEMA é membro da AM de Estarreja. Incrível esta história que chega a nojenta pelos contornos que encerra com o silêncio de todos. Será que podem ajudar-nos? Obrigado. Peço desculpa do anonimato mas é mesmo pelas represálias.
Verifiquem…” ( Anónimo)
Publicamos aqui um comentário que foi feito no nosso blog e que nos alertou para a situação. No mesmo comentário, o anónimo divulgou também a morada de um blog onde a discussão já vai longa e teve como mote um comunicado anónimo… dentro do anonimato encontramos diversos comentários-testemunho de formadores que para além de terem tido vínculos precários (falsos recibos verdes na sua maioria) têm os seus ordenados em falta e uma vida comprometida.
“Devem-me bem mais de 10 000€, meses de trabalho sem receber (…)”
“(…) manhãs, tardes e noites, cheguei a dar 12h de formação por dia!!!”
São apenas alguns dos gritos de desespero que estes trabalhadores partilharam no blog.
A 23 de Junho, o Jornal de Notícias lança um artigo onde aborda este caso – “Esperam há um ano que lhes paguem o trabalho”.
Segundo o JN a acção de formação, promovida pela SEMA, “teve lugar de Outubro de 2007 a Junho do ano passado” com um programa aprovado pela IAPMEI e a contratação de formadores através da empresa “Preparar o Futuro”, que perdeu a acreditação para efectuar formação profissional em Agosto do ano passado. «Esta decisão do IAPMEI teve como resultado que o reembolso devido pelas acções de formação – que decorreram normalmente – não fosse pago à SEMA e desta á “Preparar o Futuro”».
No meio desta instabilidade, uns desresponsabilizam-se – é o caso do presidente da SEMA, José Valente, que diz ao JN que “o problema não tem nada a ver com a SEMA” – outros optam pelo silêncio – Gil Ferraz, gerente da “Preparar o Futuro” estava “ausente” quando o JN o contactou -, os restantes, os formadores a recibo verde que são a parte mais fraca, arcam com as consequências e mantêm-se calados pela chantagem das “represálias”.
Um destes formadores precários informa num comentário (de 25 de Junho 2009) do blog aviscosidades:
“Falei à dias com o Gil Ferraz que, desde a 1 ano atrás, diz estar a trabalhar manhã, tarde e noite… e que dava mais 15 dias / 1 mês para ver tudo resolvido (sempre a mesma conversa)”.
Sabemos que o medo e a chantagem estão sempre do lado de quem explora, empurrando os explorados para o silêncio e para a submissão. É preciso virar o bico ao prego, perder o medo e gritar juntos contra a precariedade. Quem teme a auto-organização dos trabalhadores são os exploradores, não os explorados.
Os Precários Inflexíveis juntam a sua voz à luta destes formadores!
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