Gago de pança cheia

O ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, congratula-se de pança cheia com 7000 artigos científicos escritos em 2009.

No mesmo dia, sai outra notícia no JN, onde se fala cada vez maior cooperação entre meio académico e empresarial. Dizem que é para haver maior “competitividade”.

E há umas semanas não houve maioria formada na Assembleia da República que permitisse a actualização do valor das bolsas de investigação.

Estas são apenas alguns retalhos de um história que tem sido escrita em poucos anos por Mariano Gago, que vai transformando a investigação científica como uma ferramenta para o maior conhecimento mas não da população (que a financiou, já agora) mas antes das empresas.

Ou seja,

– Portugal passou a ser uma fábrica “low cost” de investigadores científicos.

– Dada a oferta de investigadores, cria-se uma competição entre investigadores, para que estes aceitem as condições que lhes dão, ou seja, bolsas baixas e sem direitos.

– Cada vez mais há menos independência nos temas de investigação escolhidos e nas suas conclusões, dado o financiamento estar cada vez dependente das empresas que o financiam.

– E quem não está disponível para isto, pode ir-se embora, dando origem ao fenómeno da “fuga de cérebros”, que já corresponde à saída de 20% dos licenciados do país. Que ao contrário do que disse recentemente João Sentieiro, presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, esta não é pequena nem está a diminuir mas é antes grande e está a aumentar.

Hugo Evangelista

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