Gestores, trabalhadores e extremos salariais
Segundo um estudo da DECO de 2016, os presidentes da Comissão Executiva (CEO/Gestor) das empresas nacionais ganharam 23.5 vezes mais do que a média dos trabalhadores das respectivas empresas. Uma tendência que é confirmada pelo Eurostat, segundo o qual em Portugal, em 2014, 10% dos trabalhadores mais bem remunerados ganhavam 2,8 vezes mais face à mediana dos salários, a maior disparidade da União Europeia.
Deve existir, em cada empresa, um limite na diferença entre o salário mais baixo e o mais alto? Deve existir um teto máximo que evite salários megalómanos? Ou deve o salário mínimo ser aumentado para que se evitem ter salários tão baixos? Há quem diga que mudar o atual cenário poderá consistir numa limitação da liberdade económica, argumento a que o pensamento neoliberal nos tem habituado sempre que o Estado tenta intervir na proteção dos direitos sociais dos trabalhadores do setor privado.
PS e BE (re)lançaram a discussão sobre a necessidade de existir, no setor privado, um limite que ponha fim ao fosso gigante que existe, em muitas das empresas, entre os salários dos ditos gestores e dos trabalhadores com vista a evitar casos como o da Jeŕonimo Martins, onde um gestor ganha em média 90 vezes mais do que a média dos seus trabalhadores, que é o mesmo que dizer que um trabalhador pode demorar 8 a 9 anos para conseguir receber o mesmo que o seu gestor ganha num ano. Ou casos como o da EDP, onde António Mexia ganha cerca de 5000 euros por dia e onde os operadores de call center, sujeitos a vínculos precários em regime de outsourcing, recebem o ordenado mínimo. O problema estará mais nas médias e grandes empresas, do que nas pequenas empresas, porque quem manda nas primeiras são os accionistas, para os quais quanto mais barato ficar o custo de produção, onde se incluem as remunerações de quem produz o negócio, melhor. Porque o que interessa mesmo é recompensar os gestores.
Fala-se do valor e da qualidade do trabalho de um gestor justificando-se que um gestor vai ter sempre de ganhar mais, mas será necessário existir uma diferença colossal quando o negócio depende sempre de mais do que a pessoa exclusiva do gestor ou gestores?
Ouvir Fórum da TSF sobre a desigualdade salarial nas empresas aqui.
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Segundo um filósofo, qualquer trabalhador, para o fazer bem, “não deve pensar no ordenado”. Da minha experiência eu diria que um casal de classe média (ou mesmo alta) com filhos (generalidade dos CEO) e no Portugal de hoje, não precisa de auferir mais de 5 a 6000 € / mês para ter tranquilidade.nesse aspecto. Por outro lado sempre achei que o ordenado minimo e a insegurança são degradantes e contraprodutivas. Tenho 42 anos de vida profissional e 9 de direcção e neste ultimo posto nunca contratei precários (excepto nas férias) e sempre paguei 30 a 50 % acima do “mercado”. E os resultados foram óptimos !!!