Governo cria "uma redonda mentira" para tirar 12 mil professores da Escola Pública

Na senda da destruição da escola pública, o governo tinha apresenta na sexta-feira uma notícia embrulhada com um envelope aparentemente sólido: da avaliação feita pelos directores das escolas do país, tinha-se chegado à conclusão de que há 12 mil professores excedentários. No entanto, os directores vieram a público fazer uma declaração simples: esta história é “uma redonda mentira“.

crato

Já se sabe que a legitimidade é algo que pouca relação tem com este governo, mas ontem a Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) teve de vir desmentir publicamente a informação de que o número de vagas colocadas a concurso anunciada pelo Ministério de Nuno Crato na semana passada corresponderia a uma consulta “às necessidades dos directores”.

Na próxima 3ª feira entrará em vigor um concurso para os docentes, produzido pelo Ministério da Educação, que declara que há 12.003 vagas negativas, ou seja, lugares do quadro actualmente ocupados mas que não serão substituídos caso os professores saiam, enquanto há apenas 618 vagas positivas, o que significa uma queda de 11.385 professores. A precarização da classe docente permite portanto a este governo utilizar da fragilidade dos professores contratados (em queda constante nos últimos anos) para cumprir objectivos do memorando da troika através de despedimentos encapotados na função pública e dependências do Estado, assim como permite a execução do plano ideológico de desmantelamento da Escola Pública e elitização do ensino.

Para procurar disfarçar a brutalidade dos números anunciados, o ministério tentou espalhar culpas e atribuiu o desenho e os cálculos da portaria do concurso aos directores das 900 escolas e agrupamentos que teriam indicado os tais 12 mil excedentários. Adelino Calado, da ANDAEP revelou que “em absolutamente nenhum caso o pedido de lugares no quadro foi atendido”. O blog “Dear Lindo” de Arlindo Ferreira divulgou ainda que o número e localização das vagas publicado na portaria do concurso coincidem quase na perfeição com o concurso que ocorreu em janeiro, antes da consulta aos directores da escola. Uma decisão do Ministério de Nuno Crato que se baseou portanto na escolha política de hipotecar a vida a 12 mil professores e a muitos milhares de alunos. Confrontado com estes desmentidos, o governo admitiu que afinal ter-se-á baseado em outros critérios. Não há nada que não faça para prosseguir o seu plano de destruição do Estado Social.

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