Governo insiste na ideia de que estão a ser criados empregos “duradouros”

O relatório trimestral do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgado na passada 3ª feira proporcionou mais um momento de encenação. As estatísticas do INE falam na redução da taxa de desemprego para os 13,9%. Estes números, apesar de desastrosos, resultam de uma metodologia que oculta um conjunto vasto de pessoas que não têm emprego. Marco António Costa, porta-voz do PSD, afirmou mesmo que “o que justifica a descida do desemprego é o aumento do emprego” e que “são contratos sem termo, são empregos duradouros, não é emprego precário”. Depois da inesperada tirada de Passos Coelho no parlamento, que afirmou no parlamento no passado mês de Junho que “não há precariedade, mas há estabilidade laboral”, esta insistência revela como pode ir tão longe a propaganda e a tentativa de enganar a população.

Os festejos, além de deslocados face à situação do país, esbarram directamente na dura realidade sentida por quem, em número crescente, se vê sem trabalho e sem alternativas de rendimento. Como afirmámos na carta aberta que dirigimos ao primeiro-ministro em reacção às suas declarações, a política seguida por este Governo só criou desemprego, precariedade e emigração.

O próprio relatório do INE evidencia que a taxa de actividade da população activa não passa dos 59% e que a taxa de emprego é de apenas 50,8%. Estes números resultam também do recurso crescente a formas de “ocupação” de desempregados – formações ou mesmo o trabalho forçado e gratuito via Contratos Emprego Inserção –, bem como a verdadeira sangria da emigração – que já obrigou ao exílio de mais de 300 mil pessoas nos últimos 3 anos –, a par da vulgarização dos estágios e do emprego sazonal e precário. O Governo sabe bem que festeja sozinho.

Em reacção a estes números, a CGTP denunciou que os números não correspondem à realidade, considerando que a taxa real rondará os 23% e que mais de 1 milhão e 200 mil pessoas se encontram sem trabalho.

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