Governo oferece 35 mil trabalhadores a prazo por 100 milhões de euros

O Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, anunciou ontem na RTP que está a preparar um programa especial de apoio aos desempregados. Serão 100 milhões de euros a ser distribuídos pelas empresas que contratem trabalhadores desempregados há mais de seis meses. 
Santos Pereira explica assim a medida: «Esses trabalhadores vão para as empresas receber formação, em vez de ser a fazer formação vão ser os trabalhadores nas empresas a trabalhar. As pessoas que forem contratadas nesse regime vão receber o correspondente a um indexante de apoio social, cerca de 420 euros, o subsídio que a empresa recebe para ter esse individuo que está desempregado».

Se é verdade que durante 6 meses estas pessoas estarão em actividade, também é verdade que ao fim de 6 meses voltam para a sua situação anterior, o desemprego. Se é verdade que é necessário existir formação profissional, também é verdade que com estes 100 milhões de euros, o Estado poderia e deveria garantir, no seu seio, essa mesma formação. Sobre isto, Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, já declarou que “muito dinheiro foi entregue ao longo dos anos a empresas em nome da formação e a maior parte dos empresários usam mas é o trabalho das pessoas disponíveis e não há formação nenhuma».
Esta medida não colhe, também, o apoio dos patrões. António Saraiva, presidente da CIP, conseguiu com uma frase resumir o essencial desta medida: «[Este programa] ajuda porque vem dar às empresas uma possibilidade de contratarem a custos menores, mas as empresas só contratam pessoas quando têm necessidade de o fazer.”
Ou seja, estas 35 mil pessoas serão vítimas de um governo que cada vez mais se demite de uma das suas funções básicas, a criação de condições económicas e sociais para que tanto o sector público como o sector privado, possam gerar novos postos de trabalho. Estas 35 mil pessoas estarão a fazer um trabalho real e a receber um apoio social em vez de receberem um salário real, próprio de um posto de trabalho com todos os direitos laborais associados.
Ironicamente, patrões e trabalhadores rejeitam, juntos, esta medida, ainda assim, o lado dos patrões ficará mais sorridente, durante 6 meses terão trabalhadores gratuitos e a prazo sem qualquer obrigatoriedade de vínculo laboral e sem qualquer preocupação em garantir-lhes a dita formação proposta pelo governo. Por seu turno, os trabalhadores continuam à espera que sejam feitas propostas honestas e sustentadas que visem reduzir verdadeiramente o desemprego.
Notícias TSF sobre este tema aqui, aqui e aqui.
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