Governo velho, caras novas

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A remodelação do Governo PSD-CDS, garantida pela troika e por Cavaco Silva, é a continuidade das políticas de destruição que impõe a destruição do país. As novas entradas (muitas de velhos conhecidos) apenas representam uma tentativa de travar o apodrecimento acelerado deste governo, que está a degradar toda a política ao manter à frente do país os responsáveis pelo desastre social e económico. Mas as entradas parecem estar, desde o primeiro dia, a contribuir para que o cheiro a podre deste governo se torne insuportável.

O governo, cadáver político que lidera o país, tenta agora metamorfosear-se de cadáver em vampiro, para poder continuar a implementar, já sem réstia de legitimidade, um programa que está a cumprir exactamente aquilo a que se propõe: destruir o Estado Social, destruir o próprio Estado, privatizar as empresas lucrativas, precarizar totalmente quem trabalha e entregar directamente a riqueza da população à banca privada. E para isso, nada melhor que nomear quatro novos ministros de craveira totalmente coincidente com o governo-vampiro:

António Pires de Lima, conhecido patrão entre patrões, antigo presidente da UNICER e vice-presidente do CDS, que há menos de um ano atrás afirmava peremptoriamente que “não lhe passava pela cabeça” ir para o governo (provavelmente mais uma irrevogabilidade popular). Paulo Portas vê a sua posição reforçada mas a sua mobilidade política e flexibilidade ideológica será brevemente testada.

Rui Machete acaba por corporizar a “podridão dos hábitos políticos” que atacou na sua primeira declaração pública enquanto ministro. É um antigo consultor do falido e resgatado BPP, governante habitual dos governos de austeridade com experiência no governo do Bloco Central nos anos 80; foi presidente da Comissão de Inquérito que ilibou Oliveira e Costa das acusações de favorecimento enquanto secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, tendo depois sido convidado por este último para o BPN, o que aceitou; o governo, tal como tinha acontecido com Franquelim Alves, também do BPN, esqueceu-se de pôr na biografia oficial a passagem do novo ministro pelo banco

Moreira da Silva, responsável oficial pelo reatar entre PSD e CDS, ex-presidente da JSD e vice-presidente do PSD, que Passos terá jogado para contrabalançar Pires de Lima;

Maria Luís Albuquerque, que já tinha sido nomeada enquanto Paulo Portas já não era ministro, que segue a linha dura que Vítor Gaspar disse já não funcionar na sua carta de despedida, e que está, desde o primeiro dia, sob fogo por declarações ao Parlamento de que não tinha sido informada sobre os ruinosos contratos swap; ontem assumiu que afinal tinha sido informada, mas que essas informações eram “insuficientes“, pelo que afirma que não terá mentido, pelo menos irrevogavelmente. Passos Coelho já teve que vir a público dizer que “mantém a confiança na ministra”.

Mantém-se portanto o mesmo velho governo velho da troika, que não se consegue movimentar sem embater todos os dias nas suas próprias contradições, mas que perante a sua degradação absoluta e aquela que provoca na política em geral, acelera para o abismo: e assim logo após a sua nomeação para a pasta do Emprego, Pedro Mota Soares, carrasco dos precários, já voltou a introduzir cortes nos subsídios de desemprego e de doença; e no primeiro Conselho de Ministros aprovou-se a privatização a 100% dos CTT.

O velho governo transforma-se num voraz vampiro da sociedade e nos próximos tempos acelerará o processo de desmantelamento do Estado Social que acarreta o desmantelamento da sociedade, tentando avançar apesar da sua própria decomposição, que decompõe toda a política com a ajuda da troika. É o velho Governo de Paulo Portas e de Passos Coelho, assombrado por Vítor Gaspar e Miguel Relvas. A única solução para este governo é a saída imediata. Cada dia que se mantiver em funções é uma afronta a dignidade da população e materializa-se num retrocesso social de anos.

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