Grécia falha metas do défice, Portugal vai pelo mesmo caminho e crise do euro aprofunda-se

O Governo grego anunciou ontem que irá falhar as metas do défice orçamental acordadas com a troika. Ou seja, as enormes medidas de austeridade realizadas naquele país, como despedimentos dos funcionários públicos, cortes nos subsídios e nos apoios sociais, cortes na saúde e na educação e privatizações maciças, não chegam para baixar o défice para os 7,6% aprovados para este ano. Assim, a Grécia irá acabar o ano com um défice de 8,5% e falhará também o próximo ano. Era óbvio que assim seria desde há muito, pois as medidas ali impostas pela troika criaram uma espiral recessiva que destruiu a economia e, logo, a possibilidade de ultrapassar a crise.

Agora a Grécia irá ainda receber a próxima tranche do empréstimo da UE e do FMI, mas terá de aprofundar as privatizações e despedir mais de 30 mil funcionários públicos.
Por cá, Vítor Gaspar, Ministro das Finanças, anunciou que o défice do primeiro semestre de 2011 é de 8,3%, quando o país se comprometeu a terminar o ano com um défice de 5,9%. A razão é óbvia: nenhum Governo consegue resolver o défice destruindo a economia.
Tal como o Governo grego, a resposta de Passos Coelho é aprofundar e acelerar a consolidação, ou seja, trazer mais pás e escavar um buraco ainda maior. As medidas deste Governo vão destruindo a economia e dentro de pouco tempo teremos ainda mais desempregados, ainda menos apoios aos desempregados, maior facilidade em despedir e mais empresas a fechar por falta de consumo interno. O nome do jogo é hecatombe.
Mas a propaganda continua, com o Governo e os comentadores a insistirem que quanto mais a economia ficar destruida e mais desemprego, precariedade e baixos salários houver melhor vai estar o país.
No sábado, mais de 180 mil pessoas sairam à rua numa manifestação da CGTP e fizeram propostas alternativas e democráticas para a saída da crise. A Grécia mantém-se como a nossa bola de cristal onde podemos ir vendo o inferno que iremos passar dentro de pouco tempo se seguirmos esta política e por isso estamos em vantagem e podemos escolher outros caminhos. Este já não nos serve. Na verdade, nunca nos serviu.
Hoje os ministros da finanças da União Europeia reúnem para começarem a regulamentar as decisões tomadas em Julho para proteger o Euro, mas sempre a insinuar que países como a Grécia e Portugal estão a viver acima das suas possibilidades e a achar que os trabalhadores e trabalhadoras destes países são menos trabalhadores. Se estes ministros das finanças não compreenderem que esta é uma crise da zona euro e que deve ser tratada como tal a hecatombe continuará sem fim à vista.
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