Grécia: Governo sem soluções tenta lavar as mãos com um referendo

Nas últimas horas soubemos que o Governo Grego vai referendar as medidas aprovadas na cimeira europeia e substituiu todas as chefias militares das Forças Armadas.

São sinais preocupantes que nos devem fazer pensar no caminho que estamos a levar em Portugal.

Torna-se claro que Papandreou desistiu. Na última madrugada o primeiro-ministro grego fez aprovar em conselho de ministros um referendo ao segundo pacote de “auxilio” da UE. Este pacote previa o “perdão” de 50% da dívida grega pelos bancos comerciais e um conjunto de medidas de austeridade ainda mais penalizadoras do povo grego. Tal como em Portugal, o mandato deste governo grego estava esgotado e o primeiro-ministro sabe disso.
Assim, Papandreou propõe um referendo chantageando o povo grego: ou votam a favor da austeridade e mantemo-nos no euro, ou votam contra e saímos do euro e vamos para uma depressão como nunca viram.

Ou seja, o governo grego utiliza um simulacro de democracia para lavar as mãos da hecatombe que criou e que simplesmente já não tem nenhumas condições de gerir. Papandreous tinha a difícil tarefa de realizar, num regime democrático, aquilo que Pinochet só conseguiu com a morte de milhares de pessoas na ditadura militar do Chile.

Pelo caminho, e com receio de um golpe de Estado militar, substituiu os quatros responsáveis das forças armadas do país: o chefe do Estado-maior das armadas, os chefes do estado-maior do exército, da marinha e da força aérea.

Quem não gosta de coisas imprevisíveis são “os mercados”, habituados a apregoar a “liberdade” mas viciados na sua ditadura que impõe as regras que permitem a acumulação. O Banco Mundial já disse que o referendo é brincar com a sorte e todos os líderes europeus estão suspensos e inactivos, enquanto vêem as bolsas afundar (excepto hoje, depois do anúncio de uma intervenção da Reserva Federal Americana para estimular a economia naquele país).

O caminho é estreito e a Grécia não se poderá deixar enganar com simulacros de democracia. Por cá, façamos o mesmo. E é melhor que Passos Coelho, Paulo Portas, Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira tomem atenção aos sinais.

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