Gregos não aceitam chantagem do Banco Central Europeu e do governo de Merkel

54d371ddeb1c4.r_1423144670240.0-331-2875-1812Na passada quarta-feira à noite Mário Draghi, chefe do Banco Central Europeu, cortou o principal mecanismo de financiamento dos bancos gregos, ao deixar de aceitar dívida pública grega como colateral aos pedidos de financiamento dos bancos. Menos de 24 horas depois, Shauble, ministro das finanças e nº2 de Merkel, sentou-se ao lado de Varoufakis, o seu homólogo grego, para dizer que não havia alternativa: toda a dívida tinha de ser paga, custasse o que custasse aos gregos.

Assim, muito mais cedo do que se poderia prever, as instituições europeias dominadas pela Alemanha começaram a condicionar o governo grego para garantir que a austeridade continua para sempre.

O governo grego esteve toda a semana num intenso périplo pelas capitais europeias de forma a iniciar conversações para a renegociação da dívida pública que hoje atinge os 185% do PIB e que antes da entrada da troika valia 117%, mas a Comissão Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu querem que não não possa existir qualquer negociação.

Neste momento, é o próprio projeto europeu que está em perigo, não por causa da Grécia, mas sim porque quem manda não quer saber dos povos europeus e da democracia. Tudo o que interessa são lucros milionários para as bolsas (veja-se para que serve a bazuca de Draghi) e a implementação de um novo regime de austeridade eterna, com precariedade para todos.

Mas os gregos não estão isolados, para além de manifestações internacionais, foi divulgado hoje um manifesto de mais de 300 economistas e universitários de todos os continentes intitulado “Estamos com a Grécia e com a Europa”.

As próximas semanas são decisivas, com uma reunião do Eurogrupo no dia 11 e outra do Conselho Europeu no dia 16. Se os governos europeus mantiverem a irresponsabilidade e seguirem as ordens de Merkel podemos assistir à expulsão da Grécia da zona euro e ao início do fim da moeda única e da união Europeia.

Este sábado já está marcada uma concentração de solidariedade com a Grécia nos Restauradores e um bom debate no MOB para falarmos sobre estes primeiros 13 dias de um governo alternativo à austeridade.

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