Greve dos trabalhadores dos hotéis Tivoli
Os trabalhadores e trabalhadoras da cadeia de hotéis Tivoli iniciaram uma greve no passado sábado. O protesto prendia-se com a recusa do congelamento salarial proposto pela administração daquela unidade hoteleira: estes trabalhadores, que recebem em média 600 euros mensais, propõem um aumento de 3%.
A administração tentou, por todos os meios, desqualificar esta greve. Desde logo, avançou números de adesão “entre os 3 e os 4 por cento”, enquanto o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Hoteleira, Turismo e Similares do Sul fala em 90 por cento de adesão (ver aqui ou aqui, por exemplo). Mas, mais relevante é o facto de terem sido contratados, à socapa, trabalhadores temporários para substituir os grevistas – uma situação ilegal e que revela a propotência da administração (que, obviamente, nega as acusações, apesar de vários grevistas terem garantido que viram os seus “substitutos” nas instalações do hotel e, ao que parece, estes “ultra-temporários” terem até camas disponibilizadas no interior da unidade hoteleira, para não se confrontarem com o piquete de greve à entrada das instalações). Perante a indignação do piquete de greve, impedido de entrar livremente nas instalações do hotel, actuou a polícia, que permitiu a entrada dos “extras” e voltou a assegurar o cumprimento duma ilegalidade. Além disso, grevistas foram ainda agredidos por um segurança contratado pelo hotel (ver aqui ou aqui, por exemplo).
É este o futuro que imaginam os patrões por esse país fora: empresas compostas de trabalhadores dóceis e descartáveis, que não façam greve nem reclamem, que aceitem tudo ou sejam substituídos pelos próximos. Por agora, os precários são utilizados como arma de arremesso e fonte de chantagem. É apenas mais uma prova do que já sabemos há muito: a precariedade é uma ameça para toda a gente, diz respeito a todos.
Os trabalhadores decidiram ontem, em plenário, interromper a greve para nova reunião com a administração, que ocorrerá durante o dia de hoje (ver aqui ou aqui, por exemplo). Os chefes do Tivoli, apesar de todos os esforços e todas as manobras, viram-se obrigados a ceder um regresso às negociações.
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