Greve Geral da Função Pública

A greve geral da Função Pública da passada 6ª feira (30/11) juntou milhares de trabalhadores no protesto. No calendário da contestação, algumas coisas fugiram à rotina. Vale a pena olhar para elas (e para as outras).

1. Independentemente da “guerra de números”, esta foi a greve mais participada durante a governação Sócrates. E acontece pouco depois da maior manifestação das últimas décadas… O Governo encontra-se seguramente algures entre o estado de graça e o estado de desgraça.

2. A convocatória uniu toda a gente: Frente Comum, Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e FESAP. CGTP e UGT.

3. Os salários, as “carreiras” ou a forma como é feita a avaliação de desempenho foram, certamente, preocupações expressas no protesto. Mas o que mais se ouviu foram as acusações sobre a brutalidade das negociações – ou seja, a ausência prática delas – sobre estes e outros assuntos. Todos os sindicatos sublinharam a “falta de diálogo” (“determinação”, na terminologia Sócrates).

4. A tal “guerra de números” não interessou a Sócrates, que acha que “há sempre os números do Governo e os números dos sindicatos”. Ou seja, não é para acreditar, coisa que está fácil de ver pelos 20% (e umas décimas, para dar ar de credibilidade…) que o Governo avançou (os sindicatos falam em cerca de 80% de adesão). Sócrates preferiu dizer que “nada alterará o caminho do Governo”, que, no fundo, está a zelar pelo futuro de todos os portugueses, “até dos funcionários públicos”.

5. O problema é que os funcionários públicos (e os outros todos, por arrasto) estão a perder o valor do seu salário real há quase uma década, vêem atacadas as “carreiras” e suportam ainda a humilhação da “cultura do mérito”, que impõe que os bons têm que ser poucos e só esses é que merecem ser “valorizados” (em todo o caso serão avaliados por pessoas que não precisam dessa vigilância…).

6. A precariedade está aí. Proposta a toda a gente, o que inclui quem trabalha nos serviços (por enquanto?) públicos. Uma dirigente do Sindicato dos Enfermeiros, dizia na véspera: “estamos confrontados com um problema na administração pública que é a precariedade do emprego e há muita coacção sobre os enfermeiros para não fazerem greve porque se o fizerem põem em risco a renovação do seu contrato”.

Está dito e, infelizmente, não vale só para enfermeiros.

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