Greve na China: 40 mil param na Yue Yuen
Dura há 14 dias uma greve na fábrica de Dongguan, complexo industrial de Yue Yuen, província de Guangdong, na China. Foram mais de 40 mil os trabalhadores e trabalhadoras que pararam por falta de pagamento da segurança social pelas empresas (entre as quais Nike e Adidas), falta de subsídios de habitação e contratos de trabalho fraudolentos. A repressão policial e a detenção de líderes dos trabalhadores não deteve a greve, que terá custado até ao momento 60 milhões de dólares à Yue Yuen.
Esta é a maior greve na história recente da China, focando-se concretamente na defesa de um sistema contributivo de Segurança Social em que os patrões contribuem para a protecção dos trabalhadores. A dimensão deste conflito laboral colocou-o nas primeiras páginas da imprensa internacional, pela estranheza de uma disputa social tão intensa na China e pelo impacto directo em gigantes do outsourcing como a Adidas ou a Nike. O aumento das reinvindicações da população trabalhadora chinesa vem-se avolumando cada vez mais e mesmo a repressão política e policial não tem conseguido travar os protestos e as acções. O desaparecimento de Zhang Zhiru, um dos organizadores da greve, é atribuído ao Ministério da Segurança do Estado.
Um dos apogeus mundiais da precariedade vive-se na China, onde ocorreu o maior processo migratório da História, com 200 milhões de trabalhadores rurais a migrarem para as fábrica industriais, onde empreiteiros chineses e estrangeiros trabalham como intermediários para as multinacionais que terceirizam a sua produção para a China. Nas áreas industriais estes trabalhadores, chamados de “Hukou”, não têm autorização de residência, vivendo muitas vezes em contentores, sem direitos de organização, horário de trabalho ou salário negociado.
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