Grupo Renascença: testemunho enviado ao PI por e-mail
“O meu nome é Frederico Pinheiro e fui jornalista da Rádio Sim Elvas – Grupo Renascença desde 12 de Dezembro de 2008 até 13 de Janeiro de 2009. Saí da referida Rádio pois fui despedido pelo director em Elvas, que não tem carteira de jornalista, Dr. Francisco Galvão.
Os motivos do meu despedimento são o que me levam a enviar-lhe esta carta. O Dr. Francisco Galvão despediu-me depois de eu lhe ter pedido para não me mandar fazer “Publireportagens”. Estas “Publireportagens”, ou “Reportagens Comerciais” como as designa o Dr. Francisco Galvão, são publicidade dissimulada de informação: eu iria entrar em directo no espaço informativo ou na emissão (algo que em Elvas só se justifica com algo muito importante), de uma loja que tivesse publicidade paga na Rádio Sim Elvas – Grupo Renascença. A ideia era fazer publicidade, mas dissimulada de informação. Enganar as pessoas com publicidade, quando elas pensavam que era informação. Para mim, o jornalismo tem uma função formadora e não manipuladora.
Dia 11 de Janeiro de 2009, dirigi-me ao gabinete do Dr. Francisco Galvão e pedi-lhe para não me mandar fazer as referidas reportagens. A resposta que obtive foi : ou fazes ou vais embora e arranjo outra pessoa. Eu dei a alternativa ao Dr. Francisco Galvão de enviar alguém descomprometido com o jornalismo, como um animador ou alguém da secção de publicidade. Esta minha alternativa foi recusada pois, segundo o Dr. Francisco Galvão, com um jornalista a “Publireportagem” seria muito mais credível e assumiu que a ideia era passar publicidade com a máscara de informação. Informei o Dr. Galvão que me custava imenso fazer algo como isso, pois estaria a enganar as pessoas. Além do mais, eu, como jornalista, tenho o direito e o dever de me recusar a fazer algo como a “publireportagem”. Expliquei ao Dr. Galvão que fazer isso me iria comprometer jornalisticamente para sempre e que eu não iria ficar bem com a minha consciência. O Dr. Galvão disse-me que sabia isso, que compreendia, que tinha pena que eu recusasse pois assim mandar-me-ia embora.
Na segunda-feira, dia 12 de Janeiro, falei com o Dr. Francisco Galvão sobre os papeis para pedir a minha carteira de jornalista, algo que já estava combinado há algum tempo, sendo que o Dr. Galvão me perguntou: aceitas fazer as “Reportagens Comerciais”? Eu limitei-me a responder que não me queria ir embora.
Dia 13 de Janeiro, mal cheguei ao estúdio de manhã para começar a trabalhar, o Dr. Francisco Galvão disse-me que eu estava despedido, dizendo que não podia ter um jornalista que se recusava a fazer as Publireportagens, que eu tinha que fazer tudo o que ele pedisse, desde informação até às Publireportagens. Ora, quando eu fui contratado, disseram-me que queriam jornalistas, com licenciatura, pois era uma norma interna da Rádio Sim. No fim, fui despedido por alguém que nem possui a carteira profissional e por eu ter exercido um direito e um dever meu, ou seja, recusar-me a fazer as “publireportagens”.
Gostaria que esta situação fosse resolvida, pois eu tenho o direito de me recusar a fazer as ditas “publireportagens” e é ilegal despedirem um jornalista por isso. Quero ver reconhecido o meu direito de me recusar a fazer as “Publireportagens” e o meu direito de continuar a exercer jornalismo na Rádio Sim Elvas – Grupo Renascença.
Faço isto não por mim, pois já estou a sofrer as consequências de tudo isto, mas por todos os jornalistas que estão condicionados e são obrigados a enganar o seu público. Quero que saibam que todos juntos podemos fazer a diferença e que a liberdade de imprensa é um bem inalienável para uma sociedade que se quer melhor.
A mudança é possível… Com recibos verdes estamos condicionados de todas as formas possiveis. Cheguei, trabalhei, mas por ter exercido um direito meu, fui despedido, sem qualquer justificação credível.
Atenciosamente
Frederico Pinheiro“
by
Escandaloso…
por falar neste problema social relacionado com a publicidade que , aproveito para contar uma conversa que tive com uma colega belga…
Ao perguntar-lhe quais as coisas qeu achava mais diferentes em Portugal, face ao seu país, responde-me entre outras que uma era a duração dos telejornais que no país dela não passavam normalmente de 20 minutos.
Em portugal os telejornais ultrapassam 1 hora de emissão e apenas os primeiros 15 ou 20 minutos são realmente informação. A restante palha que vem atrelada resume-se a fazer publicidade a um qualquer restaurante do interior que serve boa alheira, ao turismo rural nos arredores de uma qualquer criança que brinca no campo com cabras, pasar minutos a fio a ver treinadores de futebol balbuciarem 10 palavras em repeat á frente de placares enormes com PUBLICIDADE, entre outras tristezas que são tudo menos informação.Como eu defendo sempre não há outra forma de resolver este problema que não um golpe de estado!.
olha sapiens
idem
aspas
aspas
como no hino:contra os cabrões marchar,marchar!
ou se preferirem
contra os ladrões marchar marchar
faz falta uma união dos jornalistas, um meio de comunicação detido e gerido pelos próprios, livre e independente.Já não se investiga e já pouco se informa neste país amorfo.
Extraordinário!!! Infelizmente este caso está longe de me surpreender!