Há menos trabalhadores a prazo para despedir
A outra face da precariedade é sem dúvida o desemprego ou, formulando esta afirmação como uma máxima do empregador, um trabalhador precário dá sempre mais jeito porque se pode despedir mais tarde ou mais cedo.
A prova disso é a notícia de hoje que divulga a baixa, no mês de Novembro, do número de desempregados cujo contrato a prazo terminou, ou seja, os contratados a prazo que ficaram sem trabalho estão a inscrever-se em menor número nos centros de emprego (menos 0,4%).
Na hora da aflição, com a desculpa da crise ou com a escolha de proteger os lucros e não os postos de trabalho, os patrões já dispensaram os contratados que tinham.
E são eles que dizem isso, honestamente, e concordando com os sindicatos que referem que esta redução está a acontecer porque os contratados a termo que havia para dispensar, já o foram e, ao mesmo tempo, quem emprega, fá-lo repetindo modelos de contratação precária (entre os contratos a prazo, os falsos os recibos verdes, etc.).
Segundo os dados do IEFP referentes ao passado mês de Novembro, o fim de trabalho não permanente continua a ser o principal motivo de inscrição nos centros de emprego do continente (42,2%), pois dos novos cerca de 59 mil novos desempregados deste mês, quase 25 mil eram contratados a prazo.
O IEFP não disponibiliza dados sobre a origem dos novos quase 3000 desempregados nas regiões autónomas mas os números divulgados bastam para caracterizar uma realidade que há muito temos vindo a denunciar: a precariedade torna mais frágeis os que já estão no lado mais fraco da relação laboral, permite que estes se tornem mais descartáveis, mais explorados por quem tem já a faca e o queijo na mão.
Quando é que lhes tiramos o queijo?
Sofia Roque.
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