IEFP foge ao pagamento das indemnizações a centenas mas quer (re)contratá-los a falsos recibos verdes

Um grupo de trabalhadores dos Centros Novas Oportunidades, dos mais de 1.000 despedidos, estiveram com o Sindicato da Função Pública ontem no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) em Lisboa para tentar obter o pagamento da compensação devida por lei em caso de caducidade do contrato (aplicável a 213 trabalhadores). A Direcção do IEFP comprometeu-se a estudar novamente se haveria ou não lugar a indemnizações.
No entanto, a Direcção do IEFP, sob comando do Secretário de Estado do Emprego Pedro Martins, parece querer continuar a ultrapassar os limites do imaginável na forma como trata os trabalhadores. Agora, esta direcção, propõe a contratação de muitos destes trabalhadores cujo contrato a tempo indeterminado não foi renovado, mas desta vez em modo de (falsos) recibos verdes, situação da qual tinham conseguido sair depois de vários anos. Assim, o projecto do governo é substituir todas as formas de contratação por outras que sejam ainda mais precarizadas e individualizadas. A máxima da chantagem laboral é aplicada: há sempre uma situação pior para ser considerada.

Neste processo, os principais prejudicados são os trabalhadores despedidos do IEFP, 213 precários com contratos a termo incerto  e os cerca de 800 trabalhadores precários a falsos recibos verdes cujos direitos nem sequer estão a ser debatidos publicamente, porque estavam mais precarizados na sua relação laboral. São também prejudicados os cidadãos que frequentavam os Centros de Novas Oportunidades e que vêm em risco a sua formação, ou pelo menos, o planeamento da sua vida pessoal e profissional.

Sumário de acontecimentos

Este processo fica marcado pela proposta (em Outubro de 2011) do IEFP para renovar os contratos de trabalho a termo incerto de 213 profissionais (nada é dito sobre os 800 trabalhadores precários a falsos recibos verdes). Pedro Silva Martins, actual Secretário de Estado do Emprego, não autoriza essa renovação bem como não autoriza o pagamento das indemnizações devidas, sustentando-se, claro está, em base legal. Envia assim directamente para o desemprego mais de 1000 pessoas sem qualquer apoio. 

Enquanto o IEFP, seguindo as instruções dadas pelo Secretário de Estado, ia afirmando que não pagaria as indemnizações, surge um assessor do Ministério da Economia, cujo responsável máximo é o ministro Álvaro Santos Pereira, que afirmava que o IEFP ia cumprir com o pagamento das indemnizações.

Finalmente, e sob o silêncio de Álvaro Santos Pereira, o IEFP vem agora para clarificar qual o projecto social e político com que este governo está comprometido. Após o despedimento colectivo de mais de 1.000 trabalhadores, sem indemnização, a direcção mostra-se disponível para (re)contratar os despedidos (contratados a tempo indeterminado ou a falsos recibos verdes) mas sempre em modo de falsos recibos verdes. Afirma o IEFP que os cerca de 200 profissionais e 800 formadores dispensados “podem ir dar formação” e voltar a ser contratados mas “a recibos verdes”
O movimento Precários Inflexíveis considera que este processo é uma demonstração de força da parte do Secretário de Estado Pedro Martins e do governo de Passos Coelho para quem a lei deve ter várias  excepções permitindo o seu não cumprimento. Citação retirada do blog do Secretário de Estado Pedro Martins: “Felizmente, e’ uma lei “‘a portuguesa”, cheia de excepcoes que lhe dificultam qualquer eventual vislumbre de “enforcement””.
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