Impasse negocial mantém greve dos médicos no horizonte. Serviços de urgência vão ser auditados
A última reunião entre sindicatos médicos e Governo, no passado dia 18 de agosto, terminou, segundo palavras do presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, numa “mão cheia de nada”. Nesta reunião, que contou com a presença, além dos dois sindicatos médicos (SIM e FNAM), da secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, do secretário de Estado da Saúde e da presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), era esperado que o Governo apresentasse uma contraproposta às reivindicações dos sindicatos. Foi isso a que se comprometeu na última reunião, ocorrida uma semana antes, em que o Governo recuou na “ultrajante” proposta de pôr os médicos com mais de 55 anos a fazer urgência. Contudo, o Governo foi para esta reunião de mãos a abanar e deixou os médicos de mãos vazias.
As negociações estão neste momento num impasse e, dizem os sindicatos, a falta de abertura que o Executivo tem demonstrado torna cada vez mais plausível a hipótese de uma nova greve.
Recorde-se que as exigências dos médicos incidem atualmente sobre três questões principais, que permanecem sem resposta do Ministério da Saúde: a redução do número de horas de urgência de 18 para 12 horas semanais, a redução do número de horas extraordinárias de 200 para 150 horas por ano e a diminuição das listas de 1900 para 1550 utentes por médico de família. Estas são questões que os sindicatos querem ver resolvidas até final do mês de setembro.
Entretanto, o Governo comprometeu-se a realizar uma auditoria a todos os serviços de urgência do país, exigida pelos sindicatos, por considerarem que “dada a desorganização e o contínuo recurso às empresas de prestação de serviço, a saúde pública poderá estar em causa”. De facto, devido à impossibilidade de as administrações hospitalares fazerem novas contratações, as equipas de urgência acabam por ser constituídas cada vez mais com recurso aos chamados médicos tarefeiros, que não pertencem à instituição, sendo contratados apenas para prestar um determinado número de horas de urgência. Além da precariedade deste tipo de trabalho (há um número crescente de médicos que trabalha exclusivamente à tarefa), é uma solução mais onerosa para o Estado, que tem de pagar também a margem da empresa de prestação de serviço. Além disso, tem enorme impacto em termos de coesão e profissionalismo das equipas, pois é diferente trabalhar com colegas que não estão bem integrados no funcionamento da instituição.
As negociações entre sindicatos e Governo prosseguem já amanhã, dia 25 de agosto, e esperam-se avanços concretos.
Notícias: Diário de Notícias, SIC Notícias
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