João Sentieiro diz que "não há fuga de cérebros para o estrangeiro"
O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), João Sentieiro, voltou a defender que não há “fuga de cérebros” para fora de Portugal, que é “um país atractivo para investigadores estrangeiros”.
Durante o «Primeiro Encontro da comunidade científica» do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), que decorreu no final do mês passado, este professor defendeu que o número de jovens que saem para estudar e não regressa é “uma percentagem muito pequena”.
A desmentir esta imaginação fértil vem o Observatório da Emigração que confirma que nenhum outro país da OCDE despacha maior percentagem de pessoas com formação académica avançada para o estrangeiro que Portugal, à excepção da Irlanda.
Também um estudo de 2006 confirma que Portugal “exporta” um em cada cinco dos seus alunos graduados nas universidades portuguesas, em parte devido à falta de condições laborais e respeito que os investigadores científicos recebem.
Resta saber em que números João Sentieiro se baseia.







Hilariante, mesmo.
Na minha área, então, até se mutilam pessoas com projectos de investigação super interessantes e ambiciosos, totalmente opostos àquilo que é a norma vigente em Portugal.
Ser ambicioso e original, em Portugal, em termos de investigação académica, dá azo a muita inveja e mesquinhice por parte dos «senhores» há muito instalados, que preferem, na maior parte das vezes, receber dinheiro da FCT, para limitar a fazer ciência raquítica; acrítica; de nada original, pois, em certas situações, são apenas adaptações de estudos estrangeiros à realidade nacional; e que apenas serve para ajudar a manter o nível de vida de alguns docentes universitários e o compadrio intelectual.
Sabem, custa muito usarem do próprio ordernado de três mil euros como docentes, para fazerem investigação. É preciso mais algum por fora, via FCT, para realizarem «investigação original».
Deixem-me rir….
Falo da minha área (ciências sociais), mas presumo que o mal seja mais ou menos similar em quase todas as áreas.
Fala-se muito do ensino em Portugal, mas o nível de ensino que há trinta e seis anos mais cheira a trampa, é o superior. Esse é que precisa de uma verdadeira limpeza de quadros e mentalidades ao nível dos docentes.
… o mal é seguramente geral. Eu sou da área das Ciências Biológicas, pós-doc, e posso atestar, na primeira pessoa, que o mal não é exclusivo da àrea das Ciências Sociais… o mal é muito provávelmente geral. E falo com conhecimento de causa… sou pós-doc, tendo passado mais tempo no estrangeiro, do que em Portugal, a fazer ciência… e o que se vê cá, nos Institutos de Investigação e Universidades, é surreal e assustador…. em muitos casos é um “Elogio à mediocridade e ao compadrio – i.e. tacho científico”… Não é por acaso que muitas pessoas, que tal como eu estiveram ou estão lá fora, dizem cobras e lagartos da Ciência e do método de “Gestão”/”Poder Decisório” de quem gere a Ciência, Institutos de Investigaçao e Universidades em Portugal. Não o fazemos por sermos más linguas, mas pura e simplesmente por sabermos que a Ciência (como deve ser) não se faz nas condições que nos querem impingir em Portugal, e por sabermos que se lá fora, os Senhores/as que mandam na Ciência em Portugal, fizessem metade do que fazem, muitos teriam levado processos disciplinares das próprias Universidades (sérias), ou pura e simplesmente teriam ido presos (garanto-vos que há casos desses).