Jornal de Negócios: Contratos precários aumentam 83% numa década

O Jornal de Negócios traz hoje na capa esta notícia. Segundo as contas do Instituto Nacional de Estatística – que não é instituição para andar a somar os números da precariedade “por cima” – somos já mais de 800 mil, quase o dobro relativamente a 1998.

Sabemos que estes números escondem ainda muita gente, que não entra nas estatísticas. Mas, ainda assim, é inegável que a precariedade não pára de crescer e é a nova imposição dos patrões, proposta a quem chega ao trabalho.

O número de trabalhadores com contratos a prazo e a recibos verdes disparou na última década e tem vindo a ganhar peso na estrutura do emprego. No início de 1998, havia 483,3 mil trabalhadores precários. Dez anos depois, o número de contratos a prazo e de prestação de serviços disparou quase 83%, abrangendo 801,4 mil trabalhadores no final do terceiro trimestre de 2008.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, ao longo da última década, a precariedade tem vindo a ganhar uma expressão cada vez mais significativa no total do emprego em Portugal e que o número de trabalhadores com um lugar assegurado nos quadros das empresas tem vindo a regredir. Em 1998, 13% dos trabalhadores por conta de outrem estava numa situação precária e 83,6% tinha contratos sem termo. No terceiro trimestre de 2008, 20,5% dos empregados era precário e apenas 77,1% pertencia aos quadros das empresas.

Recibos verdes triplicaram entre os licenciados

Embora afecte sobretudo os trabalhadores entre os 25 e os 34 anos de idade – em 2008 havia 32 mil jovens a recibos verdes, mais 93% do que em 1998 -, o aumento mais significativo da precariedade deu-se entre os que têm 35 a 44 anos. Em dez anos, o número de trabalhadores a recibos verdes nesta faixa etária mais do que duplicou, tendo atingido 17,2 mil pessoas. Já no que diz respeito à formação académica, os dados do INE confirmam as “suspeitas”: os licenciados são o grupo mais afectado e onde os recibos verdes mais aumentaram, tendo triplicado numa década. O número de licenciados a recibos verdes passou de 10,6 mil em 1998 para 32 mil no terceiro trimestre do corrente ano.
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