Let the party begin!
Ficamos hoje a saber que a agência de rating Moody’s baixou o rating de Portugal para a categoria Ba2, o que traduzido para português economês significa: ‘lixo’. Além deste anúncio a mesma agência ameaça que poderá proceder em breve a novo corte, ou seja, estaremos abaixo de lixo. Entrámos agora numa fase em que as agências de rating dão um sinal para os ‘mercados’, e esse sinal é: comecem a festa, aumentem os juros sem parar, fragilizem o país de forma a que eles tenham de vender tudo ao desbarato! É esta a pressão que o Governo terá de enfrentar nos próximos dias e que o levará a aprovar medidas ainda mais austeras do que a própria troika manda. O problema é que estas medidas não farão mais do que apressar o nosso caminho para o abismo, e o nosso exemplo é a Grécia.
A estratégia do Governo português tem sido dizer que Portugal não é a Grécia, somos diferentes, somos mais aplicados e temos um Governo forte e empenhado. Mas não era isto mesmo o que dizia o recém-eleito Governo grego em 2009? No dia 4 de Outubro de 2009 era eleito o primeiro-ministro George Papandreou, que destronava 5 anos de Governo conservador. Estavam reunidas as condições: um novo Governo, diferente, mais aplicado, forte e empenhado. Como em Portugal. Rapidamente, em Dezembro do mesmo ano, o novo Governo grego, pressionado pelos mercados e parceiros europeus, aprovou um pacote de medidas de austeridade. Como em Portugal. Cerca de um mês depois, já em Janeiro de 2010, a agência de rating Fitch, cortou o rating da dívida grega para “junk” (lixo). Como aconteceu hoje em Portugal. E tudo seria completado alguns meses depois, em Maio de 2010, com o anúncio da aprovação do empréstimo por parte do FMI à Grécia, no valor de 30 mil milhões de euros. Como já aconteceu em Portugal.
Um ano depois, e depois de vários planos de austeridade na Grécia, e em Portugal, a situação não melhorou, apesar de termos , supostamente, um Governo empenhado em fazer isso. E o sinal de hoje, o facto das agências de rating terem dado ordem de soltura à usura máxima, completa a troika que faltava para sermos iguais à Grécia: austeridade, empréstimo FMI, junk.
Não vale a pena tapar os olhos, fingir que não se vê, ignorar e mesmo desprezar os gregos, numa atitude que por vezes roça o racismo. Devemos sim olhar para a Grécia, e para toda a Europa, e perceber que as políticas de austeridade não são solução. São sim uma política de subserviência aos mercados e abandono da democracia, são políticas de transferência e concentração de rendimentos ancoradas na destruição de tudo o que é colectivo, dos salários e direitos sociais. É este o empenho dos Governos. E é por isto que nesta altura é preciso reforçar a luta por direitos no trabalho e pelo questionamento desta dívida, não só em Portugal, mas na Grécia, na Irlanda, na Islândia e em toda a Europa.
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