Mais austeridade na Grécia
Nos últimos dias na Grécia votou-se no parlamento mais um pacote de cortes na despesa pública. Os cortes em causa são de 13,5 mil milhões de euros, e foram votados, mais uma vez, sob chantagem. A votação foi apresentada como uma escolha entre a austeridade ou a saída do euro. Para os 100 mil manifestantes que se concentraram à saída do parlamento, a escolha era entre “nós ou eles”. Estes cortes implicam o despedimento de 8 mil funcionários públicos, um novo aumento da idade da reforma de 65 para 67 anos, o corte até 15% nas pensões e corte parcial nos subsídios de férias. Por outro lado, este memorando define ainda um corte nas contribuições do Estado na saúde, sendo os contribuintes obrigados a pagar mais pelas receitas, medicamentos e cuidados médicos.
No segundo dia de uma greve geral de 48h, dentro do parlamento, a votação foi tangencial. As sessões, convocadas extraordinariamente sob o pretexto de “urgência”, prolongaram-se por 11 horas. Na mesma sessão, foram apresentadas duas moções de reserva de inconstitucionalidade, uma sobre as próprias medidas, outra sobre o processo de discussão do novo memorando em si. Em 299 deputados e deputadas, apenas 153 votaram a favor. As medidas passaram com apenas mais dois votos do que os 151 votos necessários para as aprovar. Numa coligação claramente desfeita, sete deputados do PASOK e da Nova Democracia que não respeitaram a disciplina de voto foram expulsos. No início de Novembro, o Tribunal Constitucional grego emitiu um parecer, sem carácter vinculativo, decretando a inconstitucionalidade do aumento da idade da reforma e dos cortes nas pensões.
Fora do parlamento, numa das maiores manifestações que passaram pelas ruas de Atenas nos últimos tempos, mais de 100 mil pessoas manifestavam-se contra este novo memorando bárbaro, chegando a interromper a sessão no parlamento. Este é o sexto ano de recessão consecutivo, os níveis oficiais de desemprego atingiram os 25%, e o PIB grego diminuiu 20%.
Curiosamente, o resultado desta votação não significa a garantia da nova tranche de empréstimo. Esta garantia depende exclusivamente de um novo acordo entre os líderes europeus e a troika. O Eurogrupo reúne-se amanhã, segunda-feira, 12 de Novembro, no mesmo dia em que Angela Merkel vem visitar este outro protetorado seu. Na Grécia, o empréstimo de 31,5 mil milhões de euros, está congelado desde Junho. Desde então que a Grécia vive sob a chantagem do Eurogrupo, cujo presidente, Jean-Claude Juncker, chegou a afirmar que os “amigos gregos não têm outra alternativa” além da aprovação das novas medidas de austeridade. No entanto, o povo gregos e os povos europeus continuam a lutar.
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