Mais um testemunho de precariedade nas ETT's e telecomunicações

“Desde 2006 que entrei para a maior e mais antiga empresa de telecomunicações do nosso País. Fez 4 anos e já assinei contratos atrás de contratos com varias empresas, apenas muda o nome porque a situação mantem-se, assinei pela Vedior, Platoforma, Select, e agora vou voltar a assinar por outra que ainda não sei bem qual é!! A minha remuneração mensal é o ordenado mínimo, o subsídio de alimentação e um prémio de produtividade que não vem no contrato, ou seja, a qualquer momento podem-no retirar ou alterar o valor. Sim, já me retiraram 30 euros neste prémio desde que entrei para a empresa e inventaram um escalão qualquer, que nunca percebi, para justificar esta diferença de valor…. Estamos em 2010, já provei que o meu serviço é bom, já recebi elogios do meu trabalho por vários chefes, mas quando eu vou pedir um contrato melhor ou um aumento no prémio de produtividade, todos dizem: « Não posso fazer nada, temos mais pessoas na tua situação mas é o mercado de trabalho que temos, se estás mal podes ir embora, vocês para nós são mão de obra e é disso que precisamos »
Outra situação que me deparo todos dias é a discriminação que existe no meu local de trabalho entre nós temporários e os efectivos da empresa, nós temporários trabalhamos sob uma maior pressão temos uma maior produtividade, temos funções de maior responsabilidade e no entanto passamos os dias a ouvir que “não somos da empresa”, somos constantemente humilhados e não podemos fazer nada.”
 

Este é apenas mais um testemunho que representa a vida de algumas centenas de milhar de pessoas que trabalham precariamente neste país, mediadas por empresas de trabalho temporário (ETT’s). Recebem salários mais baixos, têm contratos muito curtos e nunca lhes são reconhecidos os direitos inerentes ao reconhecimento de uma relação de trabalho entre empregador e trabalhador. São eternos contratados a prazo e a termo incerto, completamente descartaveis e sem perspectivas de futuro. Apesar do escândalo legal que as ETT’s representam, roubando sempre uma parte substancial dos salários de quem trabalha, muito deste trabalho é praticado à margem da lei.
As ETT’s são apenas mais uma das ferramentas dos patrões para nos retirar direitos, fragmentar e baralhar as relações de trabalho, virando-nos a nós, trabalhadores, uns contra outros, numa competição desenfreada que nos leva a percorrer o caminho do mau a pior. É preciso virar o bico ao prego e juntar forças, no dia 24 de Novembro, os trabalhadores estarão na rua para o contra-ataque, na greve geral.
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