Makro: um bom exemplo do novo regime da austeridade permanente

Há cerca de um mês atrás, no início de Março, soubemos que a Makro estava a “propor” aos seus trabalhadores que realizassem rescisões “amigáveis” como forma de não serem alvo de um despedimento colectivo. Os argumentos da administração da empresa eram “optimizar os recursos da empresa, (…) com o objectivo de melhorar e melhor de adaptar aos novos desafios do cenário económico actual”. Agora, a empresa afirma que afinal, com o despedimento, só está a procurar garantir que as pessoas tenham acesso aos subsídios (de desemprego). Afirma ainda que recebeu um número “muito satisfatório de candidaturas” para rescisão de contrato.O absurdo tomou conta da vida do país, porque os empresários e os grupos económicos têm carta branca dos governos. 

Agora, com o exemplo da Makro, sabemos que os trabalhadores enviam candidaturas para ficarem sem emprego, e são muitos. Agora, com a Makro, a empresa está solidária com os trabalhadores, só os quer despedir nas melhores condições para que tenham acesso ao Subsídio de Desemprego. Agora, a Makro só quer garantir que as “candidaturas recebidas” para despedimento (ou rescisão) “…não colocam em risco o bom funcionamento dos serviços”. O que não era (jamais) um despedimento colectivo em Março de 2012, torna-se numa perspectiva bem concreta um mês depois. O despedimento, passou a ser uma “solução” da empresa e das organizações e não um problema social. Este é o novo regime da austeridade permanente .
A democracia no local de trabalho é uma miragem e a lei laboral faz cada vez mais parte dos livros de história. Os sucessivos governos do PS-PSD-CDS  trabalharam cerca de 30 anos, mas conseguiram: contratos a prazo (infindáveis), (falsos) recibos verdes, (falso) trabalho temporário, (falsos) prestadores de serviços, destruição da contratação colectiva, ataque e estigmatização das organizações de trabalhadores ou individualização das relações de trabalho. 

Bem vindos de volta à lei da selva. Ganha o mais forte.
Nota: o relatório e contas do Metro Group (donos da Makro Cash & Carry) apresentou, em 2011, lucros líquidos de 741 milhões de Euros.

Ver:
Redução de pessoal na Makro pode passar por despedimento coletivo (Abril)
Makro não pretende reduzir número de lojas ou investimentos em Portugal (Março)
Makro propõe rescisões “amigáveis” com ameaça de despedimento colectivo (PI – Março)

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