Mango recusa-se a pagar indemnização por 1100 mortos no Bangladesh
Oito meses depois da tragédia que vitimou mais de 1100 trabalhadores precários que faziam roupa para multinacionais europeias e americanas no Bangladesh, foi criado um fundo de 40 milhões de dólares para compensar as famílias das vítimas. Várias das empresas que exploravam estes trabalhadores, que recebiam até 38 euros por mês – Bonmarché, El Corte Inglés, Loblaw, Primark – concordaram em contribuir para o fundo. A Mango recusa-se a pagar, divulgou o New York Times.
A tragédia da Rana Plaza, em Savar, no Bangladesh, é apenas mais uma das horríveis faces do modelo de exploração máxima e precarização total do trabalho. Foi em Abril de 2013 que, mesmo com a ameaça clara de derrocada (havia uma racha aberta visível no edifício e houve avisos para que as pessoas não fossem trabalhar), os patrões locais das multinacionais estrangeiras apressaram quem trabalhava na gigante fábrica de roupas a entrar para cumprir os prazos das encomendas. Entre elas estavam encomendas de pólos e tshirts da Mango, entre várias outras empresas. A tragédia constituiu mais um marco negro da história da super-exploração. Quem trabalhava na Rana Plaza ganhava tão pouco quanto 38 euros por mês, sem horários regulados e sob a pressão constante das encomendas. A escravatura é o modelo de trabalho das empresas que fazem a sua fortuna com a precariedade total.
O modelo económico destas empresas multinacionais baseia-se no corte de custos com as matérias primas, na desregulação do trabalho, na sua deslocalização para os locais com as piores condições sociais, laborais e ambientais possíveis, como é o caso do Bangladesh. E em nenhum caso as empresas se responsabilizam pelas consequências do que acontecer a quem vive nestes locais e trabalha para que os seus lucros sejam máximos. As vendas anuais da Mango são de 10 mil milhões de euros. A Mango encontra-se em crescimento, e a sua estratégia foi cortar os seus preços para responder à recessão desde 2008. Fê-lo baixando os custos de mão-de-obra através de outsourcing e deslocalização da produção. A sua deslocalização para o Bangladesh fazia parte desta estratégia, e segundo os trabalhadores produziam-se já roupas da Mango em Rana Plaza. A empresa espanhola afirma que estavam ainda em fase de testes e recusa-se portanto a contribuir para o fundo de apoio às famílias dos trabalhadores.
Rana Plaza é o mundo de sonho de todos aqueles que defendem a flexibilidade, a competitividade e a concorrência como forma de pôr todas as pessoas que trabalham no mundo a correr para o precipício. Rana Plaza é o desfecho da competição máxima. E muitas destas empresas lavam as suas mãos de pagar qualquer compensação, porque há milhares de outras Rana Plaza para onde deslocalizar-se, e centenas de milhões de outras pessoas para trabalhar a 38€/mês. Em Rana Plaza produzia-se roupa para a Benetton, a Bonmarché, a Cato Fashions, a The Children’s Place, El Corte Inglés, Joe Fresh, Mango, Matalan, Primark e Walmart.
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38€/mês é tão aberrante que quem escreveu este texto até se enganou e escreveu 38€/hora… (antepenúltima linha).
obrigado
A mim, sinceramente não me espanta. Se queremos ser tratados como reis, temos de exigir que nos tratem como reis. Se cada um de nós for trabalhar para um sitio que sabemos não ter condições, a responsabilidade é nossa. Claro, que as seguradoras não querem que pensemos nisto, senão elas não teriam lucro nenhum pois nós andariamos cheios de medo. Mas em portugal isto vai começar a acontecer. alias já acontece, por exemplo no mar onde os pescadores não querem usar colete.Ou não usam colete e nem denunciam á ASAE os patroes que obrigam os pescadores a tirar o colete.
Compreendo mas a situação não se compara, nada mesmo. Não compares os trabalhadores europeus aos trabalhadores do Bangladesh que não têm que comer e vivem em pobreza extrema, se esse for de facto o adjectivo apropriado, e não um mais extremo. Eles não têm condições para exigir, por que suponho que quando se tem fome, ou se tem filhos com fome, de pouco valem as exigências se no final não se ganha dinheiro, e por consequente, comida…
uma precisão sobre a frase…”que defendem a flexibilidade, a competitividade e a concorrência”…esta questão é a maior farsa que venderam no mundo ocidental e que tem sido aceite passivamente!…não há competição nem concorrência a nível internacional!…para haver concorrência as empresas tinham de funcionar com regras iguais ou parecidas!…e isso não acontece (nem la perto)!…as empresas ocidentais tem de funcionar com todo o género de regras e mais algumas!…em várias partes da Ásia não há regras e vai-se ao ponto das empresas funcionares com trabalho quase escravo!…basicamente temos uma situação em que numa corrida de 100 metros as empresas ocidentais partem dos blocos de partida e estas empresas Asiáticas partem dos 90 metros – mesmo que sejam muito ineficientes ganham sempre, tal é a diferença de condições em que operam!…é esta farsa que tem de acabar!… é fácil de fazer!…voltam a aplicar-se impostos para nivelar estas diferenças de custos de produção e o Ocidente volta a industrializar-se, a crescer e a criar emprego de novo e põe-se fim à exploração lá e cá!…Cumprimentos.
ó Narga, se fosse como tu dizes então havia gente a morrer á fome todos os dias e éramos tão poucos no planeta que que haveria píses que hoje têm milhoes de habitantes, que não teriam nenhum habitante de todo. A fome começa a ser uma das razões pela qual já não se morre.Alias a primeira razão de morte a nivel mundial são o erros medicos. Morrer á fome já não se usa. Agora, morrer á fome por não querer cavar terra, isso eu já acredito.Não venhas para aqui dizer o que diz a televisão, pois nem eles sabem o que dizem,tambem dizem o que lhes mandam.
Joao, eu não o conheço, mas dizer “morrer à fome ja não se usa” parece-me de alguém que não vive no mesmo planeta que eu. É uma frase, a meu ver, totalmente sem sentido e de quem com certeza nunca passou por situações de dificuldade!! Infelizmente morrer à fome ainda se usa, e muito se deve a atitudes como esta.
Este texto é para um João que fez um comentário a esta notícia e que, para mim, é uma demonstração do perigo que podera ser a ignorancia. Para sua informação, neste mundo, onde vive e onde eu vivo, existe fome e morres por causa da fome. Não somos poucos neste planeta porque os paises pobres, que não conhecem e nem tem acesso aos conntraceptivos, fazem filhos a torto e a direito. Estas crianças nascem e são postas neste mundo porque os progenitores são pobres e tambem porque estes não controlam a natalidade. Nestes paises, ter-se muitos filhos é ter uma mão de obra para sustentar e ajudar os pais em certos empregos, onde estas crianças são mal pagas. Poderia ter arranjar muitas mais razões e exemplos de pobreza extrema que existe neste mundo, mas convido-te a abrir os olhos porque, em Portugal, já temos pessoas idosas que pass
am fome para poder pagar rendas e medicamentos.
Maria Cândida.
Meu caro Jean-Pierre… Idem Idem aspas aspas….não lhe mudo um ponto!
É a primeira vez que vou a este site, obrigado pela informação!
Mas não consegui deixar de comentar o que o João escreveu..
…já não se morre à fome? desculpa, não percebo…
O teu primeiro comentário não faz sentido, pois não se pode comparar alhos com bugalhos. Pois no meio disso tudo, há falta de informação, comunicação e de educação, que é preciso entender.
Se tu queres ser tratado como rei, nasceste na altura errada. Somos todos iguais e o valor superior das pessoas e da natureza é o amor e não excessos não necessários (luxos), há que entender isso para que estas tragédias não voltem a acontecer.
O segundo comentário.. bem, isto de dizer que não se morre à fome é muito triste. Sabes, não precisas de ir à Etiópia, Bangladesh, Jamaica ou Madagáscar para ver gente a morrer à fome, ou com uma alimentação muito muito fraca com poucos nutrientes necessários ao corpo humano. Muitos já não teem matéria para trabalhar, por motivos ambientais e falta de recursos, aumento progressivo das populações e porque os “grandes” países vão aos outros mais pobres explorar os seus recursos e muitas vezes vender coisas que supostamente já seriam deles a eles. A água, a carne, o peixe, a soja… são produtos exportados por empresas que lá vão pôr as suas bases e tem o apoio dos governantes, pois eles ganham muito com isso, mas só eles. Os que pouco teem, veem uma oportunidade de trabalho e aproveitam, mas muitas vezes é uma armadilha… “Morrer à fome já não se usa” – isso é um comentário muito extremista…
Não há necessidade de acelerar o processo de desenvolvimento de muitas culturas, cada pessoa tem o seu tempo, cada família tem o seu tempo, cada comunidade tem o seu tempo. Qualquer cidade em Portugal tem pelo menos 5 super mercados de diferentes empresas, porque há uma grande competição e as empresas tem mais desejo em ganhar dinheiro do que alimentar as pessoas… Há comida a mais num lado, comida a menos no outro, tudo por causa da envenenamento do dinheiro… Muitas famílias em Portugal já estão abaixo da fasquia da pobreza.
Espero que a ganância e o luxo se transforme em bens essências para todos, para que todos estejam em equilíbrio social.
Obrigado.
Basicamente, os comentarios ao meu comentario, alguns são apenas de pessoas que repetem o que vêm na televisão. Vai a hipocrita da Catarina Furtado para Africa com uma camara de filmar,dar uns rebuçados a umas crianças e já esta tudo bem . mas ela não mostra que a maior parte deles em vez de ir cavar terra, ficam sentado á espera que a terra se cave a ela propria. Uma outra situação real, é que um patrão português que fosse para Angola, tem de levar mão de obra portuguesa senão os angolanos só trabalham a primeira semana e depois já não querem mais. Em vez de me criticarem informem-se. Não repitam o que vêm na televisão. E quanto ás pessoas idosas que não têm dinheiro para medicamentos, que vão reclamar para o Parlamento, mas não vão, porquê ? Vocês são a hipocrisia total. gostam é de se queixar que os outros são maus mas vocês são piores. é por isso que eu apoio o Passo Coelho.
E depois há o argumento-mor. aquele argumento que de facto mostra tudo e tudo poe a nu. Somos 7 biliões porquê ? Porque morremos á fome ? então andamos a morrer á fome e cada vez somos mais ? e muitos governos querem fazer a despopulação do planeta quem em poucas centenas de anos o planeta não produzirá comida para tanta gente. Vão pra P.Q.P. com a vossa hipocrisia. Vão ver a casa dos segredos pois é de lá que vocês retiram a vossa “sabedoria”…hipocritas. Por isso é que eu dou razão ao governo, a merda de sabedoria que sai das universidades, só serve para repetir o que vêm na televisão. Não vou bater mais no ceguinho.