Mãos ao ar! Isto é um roubo e… o trabalho temporário dispara!
O Expresso-emprego diz que o “Trabalho temporário dispara“. Não é novidade, mas não deixa de ser importante que se vá dizendo.
Vejam o que diz o sr Amândio da Fonseca, presidente de uma “empresa de recrutamento”: “a precariedade e a insegurança fazem da temporalidade do emprego um dos principais factores de stresse na vida moderna, mas a realidade é que cada vez mais aprender a trabalhar desta forma é um trunfo, até para quando chega o emprego certo. Um trabalhador temporário sabe melhor do que ninguém lidar com a mudança e não é avesso à mobilidade. Tem, por força das circunstâncias, uma atitude empreendedora e proactiva, própria de quem não fica à espera que as coisas cheguem até ao fim. Afinal de contas não são estes os principais requisitos pedidos actualmente pelas empresas aos trabalhadores no momento do recrutamento?“. Temos que aprender o que nos pedem, portanto. Vantagem? Para quem? É o necessário desespero que só dá trunfos aos patrões e todas as desvantagens a quem trabalha (cada vez mais tempo, mais descartável, por menos dinheiro).
Mas o nosso destaque vai mesmo para as declarações de Marcelino Pena Costa, presidente da APESPE – Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego. Traduzindo: presidente da associação que representa os interesses das Empresas de Trabalho Temporários (ETT), designaram Vitalino Canas como Sr. Provedor e outras que tais. Gente séria, como prova o presidente Marcelino, que tem o descaramento para virar a conversa do avesso e dizer isto, a propósito dos “benefícios da temporalidade“: os trabalhadores devem “aproveitar a temporalidade para melhorar as suas qualificações e competências, colocando-se à prova, podendo decidir com tempo e segurança o que fazer num futuro próximo com a sua carreira profissional”. Curioso: tempo, segurança, futuro… É um truque com palavras sérias, para brincar com as nossas vidas.
São frases feitas e pensadas para dar a volta ao texto, exactamente onde poderia parecer mais difícil. Infelizmente, há cada vez menos gente que pode acreditar no optimismo cínico deste artigo.
Temporalidade… Não é bem isso. Precárias e precários, que não acham cool ser pau para toda a obra e ganhar miseravelmente, enquanto saltamos de trabalho em trabalho (muitas vezes sem subsídios a que devíamos ter direito… isso, ao que parece, é só para os bancos e outros que vão ganhando com a crise).