Mariano Gago – Exemplar ou Insignificante?
Este fim de semana o jornal Público publicou um dossier especial sobre Bolseiros de Investigação Cientifica. Entrevistaram investigadores (aqui e aqui) que afirmam não querer voltar para Portugal, porque não teriam aqui as mesmas condições para fazer ciência que encontraram nos países que os acolheram e que escolheram para viver. Por outro lado, mostraram a realidade que vivem os bolseiros que decidem tentar a sua sorte a fazer ciência em Portugal – carreiras que não são mais que somatórios de Bolsas de Investigação Científica, sem contratos de trabalho, sem direito a subsídios de desemprego, de férias e de Natal e sem direito à protecção da Segurança Social.
No meio disto tudo temos Mariano Gago, Ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, a gabar-se de “governar uma área exemplar do país” (aqui). Dizendo, muito eloquentemente, que «Portugal é o caso mais exemplar (…) de grande desenvolvimento científico sem ‘brain drain’ (fuga de cérebros), ou com pouquíssimo» e que a “tem evitado de forma exemplar”. Respondendo de forma evasiva à pergunta sobre o número dos investigadores que voltaram ao país, dizendo que “a esmagadora maioria desses ex-bolseiros desenvolve actividades em Portugal”. Actividades… Científicas?!?! Essa parte é melhor omitir, não vá o ministro perceber que a sua governação afinal não é assim tão “exemplar”. Chega mesmo ao cúmulo de dizer “o número de pessoas da ciência fora de Portugal é insignificante”, quando o próprio Ministério concedeu cerca de 8500 Bolsas de Formação Avançada que contemplavam um período de formação (ou a sua totalidade) no estrangeiro, para além de todos os cientistas que recorrem a financiamento fora de Portugal.
Começo a desconfiar que Mariano Gago sofre mais de “brain drain” do que aquilo que gosta de admitir. Não se preocupe Sr. Ministro, haverá concerteza algum Investigador disposto a estudar o seu caso.
Inês Milagre
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