Mercado de trabalho mais desigual

Notícia no i refere que o mercado de trabalho está cada vez mais desigual: houve criação de emprego nos salários superiores a 3000 euros, mantendo-se o aumento do número de pessoas que ganham 3000 euros líquidos ou mais; e o número de trabalhadores por conta de outrem na economia portuguesa continua a cair. Dito de outro modo, a destruição de emprego está a ser feita à custa das pessoas com salários mais baixos, normalmente os mais jovens ou menos qualificados, e os ricos e os seus empregos (e salários) continuam intocáveis, como se nada fosse, como se a crise não tivesse nada a ver com eles.
O maior contributo para a destruição de emprego veio dos salários baixos (310 a 600 euros): antes da crise, em meados de 2007, havia 1,63 milhões de pessoas; hoje são menos 314 mil (1,3 milhões).

A mesma notíca cita um estudo do Banco de Portugal que refere: “o mercado de trabalho português encontra-se bastante segmentado“. “As gerações mais novas e mais qualificadas não têm acesso aos empregos melhores e mais estáveis” pois “cerca de 90% dos novos empregos são criados sob contratos a termo e a sua grande maioria não é seguida de contratos permanentes, sendo que grande parte são ocupados por trabalhadores jovens“.
Dados do INE corroboram este estudo, é justamente nas classes mais jovens que a destruição de emprego é mais violenta (uma quebra de 10% nos empregados de 15 a 24 anos e uma redução de 3,5% na classe dos 25 aos 34, entre o segundo trimestre de 2009 e igual período deste ano). A média nacional aponta para uma destruição de postos de trabalho a um ritmo de quase 2%.
O sociólogo Pedro Adão e Silva é dos que também corrobora a tese de que o mercado de trabalho português é muito desigual em termos de oportunidades: “Portugal já tem um mercado de trabalho muito segmentado [entre pessoas no quadro e a prazo] – a rigidez sempre coexistiu com uma grande flexibilidade”, sobretudo nas camadas mais jovens.
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