Ministra do Trabalho pede "olhar refrescado" sobre o desemprego
“Gostava que olhassem para os dados do desemprego com um olhar refrescado“. Foi assim que a ministra Helena André respondeu hoje, no Parlamento, às críticas da oposição num debate sobre o desemprego. Perante as previsões da continuação do crescimento do número de desempregados, com o próprio Banco de Portugal a apontar uma taxa de 11,4% para o final deste ano, a Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social ainda tem fôlego para acusar as preocupações com o desemprego expressas por toda a oposição de demonstrarem um “espírito negativista e catastrofista”.
A frase corre o risco de concorrer para “tirada do ano”, apesar de estarmos em Janeiro. Se o assunto não fosse demasiado sério, tentaríamos encontrar alguma graça e desculpar a senhora ministra por alguma falta de jeito para a comunicação ou até por estar ainda a adaptar-se às suas novas funções. Mas a situação é demasiado grave. O desemprego, para lá das estatísticas oficiais – já bem assustadoras – atinge na realidade mais de 700 mil pessoas. A Segurança Social falha no apoio a uma grande parte delas, como é o caso dos trabalhadores precários. As previsões só admitem cenários ainda piores para os próximos tempos.
Nenhum “olhar refrescado” conseguirá ver o paraíso num país entregue à desgraça do desemprego e da precariedade. Aliás, Helena André acabou por admitir durante o debate de hoje na Assembleia da República não ter “nenhuma varinha mágica” que lhe permita prever até onde vai subir a taxa de desemprego.
Amanhã, apesar do já confessado fracasso do ano anterior, incia-se o remake “Iniciativa Emprego 2010”, em que o Governo promete melhorar os resultados de 2009 e até já arrisca a promessa “manter” 500 mil postos de trabalho durante o corrente ano. Certo é que as perspectivas de investimento do Governo nas políticas de emprego diminui com o passar dos dias e que parece que não podemos esperar muito melhor.
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