Mota Soares: Dívidas injustas? Penhoras implacáveis! (testemunho)

Recebemos um testemunho que espelha a injustiça, o mau funcionamento e a incompetência que reina actualmente nos serviços da Segurança Social. Pedro Mota Soares parece querer remeter os contribuintes a falsos recibos verdes a situações insustentáveis, lançando-os na miséria, sem apoios sociais, sujeitos a passar fome, em desprotecção social completa.  Apelamos a que nos enviem ou deixem um comentário com o vosso testemunho, caso vos tenha acontecido o mesmo ou similar.

“Há cerca de três meses, a Segurança Social presenteou-me, em época de Natal, com uma penhora. Sem aviso prévio, sem confirmação de que a dívida é mesmo minha, sem proposta de acordo para pagamento. Assim, foram a uma conta bancária onde consto como segundo titular e sacaram o dinheiro (que, na realidade, nem era meu). Soube pelo primeiro titular que foi contactado pelo banco. Recebi uma carta de aviso de penhora quinze dias depois de já terem indisponibilizado o dinheiro .
Ainda em Novembro, dirigi-me aos serviços que me concederam um plano prestacional. Em Dezembro de 2011 estava a pagar a primeira prestação. No entanto, apesar de me terem dito que a ordem de penhora era automaticamente levantada assim que eu pagasse a primeira prestação, tal não aconteceu. E continuam a penhorar a mesma conta, mês após mês. Mas também a enviar as referências para eu pagar as prestações.
Devido à impossibilidade de faltar ao trabalho para me dirigir ao Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, liguei insistentemente, durante mais de um mês, para a linha telefónica que se adequava ao meu caso. A resposta gravada do 808 259 259 era sempre a mesma: “devido ao elevado número de chamadas, não é possível atender. Vão contactá-lo no prazo de 48 horas.” Nunca o fizeram. 
Em desespero comecei a contactar outras linhas. Numa delas, devido à gravidade da situação, quem me atendeu comprometeu-se a reportar internamente a situação, e pediu-me o número para que me contactassem e eu conseguisse esclarecer o que se passava. Ninguém me contactou. Noutra tentativa, enviei um e-mail directamente da minha Segurança Social Directa, cuja resposta foi que eu teria que contactar o tal número onde ninguém me atendeu durante mais de um mês.
O final do mês de Fevereiro trouxe mais surpresas. Não só continuaram a penhorar valores da outra conta bancária, como penhoraram a minha verdadeira conta pessoal, mais uma vez sem aviso. 
Indisponibilizaram praticamente todo o dinheiro que recebi do meu trabalho, fazendo com que eu não possa pagar a renda nem as despesas mensais, que não tenha dinheiro para comer ou dar de comer ao meu filho e que não tenha cumprido com o acordo prestacional para pagar a dívida.
Voltei à carga no tal número e, desta vez, consegui que me atendessem. Contrariando toda a informação que me tinha sido dada até então, a funcionária disse-me que o levantamento da penhora não é automático e que tem que ser obrigatoriamente pedido pelo contribuinte (!?) para uns contactos que, curiosamente, não constam em lado nenhum (nem nas cartas que me enviaram nem no site); que a reclamação feita via Segurança Social Directa nada tem a ver com eles, que os diversos “serviços da Segurança Social não estão em comunicação” (!?); que apesar de eu ter cumprido com a minha parte do acordo até me retirarem todas as condições para o cumprir, “serão levantados todos os valores cativos nas contas bancárias até à data do pedido de levantamento de penhora”. Deram-me novo contacto. Fiz nova reclamação e aguardo novamente uma resposta.
Ao longo destes meses, entre as duas contas (a minha e a outra), conseguiram penhorar praticamente o total da dívida. Sempre pensei que esses valores seriam devolvidos assim que se esclarecesse a situação. Neste momento, não consigo ver nenhuma solução para pagar a quem devo e ter dinheiro para sobreviver.
Trabalho a falso recibo verde para uma empresa que trabalha exclusivamente para a EDP, constituída para esse efeito. E duvido muito que seja caso único, que seja o único a ser maltratado por quem me deveria proteger.”
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