Na Irlanda como em Portugal quem paga a crise é quem tem de trabalhar
Nas últimas semanas o Governo de Passos Coelho tem-se desdobrado em esforços para colar a imagem de Portugal à da Irlanda. “Se eles conseguiram, nós também conseguiremos.” – é a tese de Coelho, mas para sermos irlandeses teremos de redobrar a austeridade. Infelizmente Portugal não tem condições de sair sozinho do primeiro resgate, aplicou medidas ainda piores que as irlandesas e ambos os países sofreram e sofrem os efeitos da austeridade. Numa palavra: quem paga o regime da austeridade em ambos os países é quem vive do seu trabalho.
O Jornal Público publicou hoje um resumo das medidas de austeridade em ambos os países e concluiu que as áreas onde se fez sentir a austeridade são as mesmas. Por isso, a ideia que Passos e Portas de que o sucesso da Irlanda se deve a um programa de austeridade ainda mais violento é falsa. Na verdade, na Irlanda o Governo acordou com os sindicatos um corte nos ordenados da função pública, mas também um calendário de reposição, por cá, apesar dos cortes serem supostamente temporários – para evitar o chumbo do Tribunal Constitucional – não há data para a sua reposição.
Para além disso, o peso dos salários da função pública baixou mais em Portugal do que na Irlanda e está bem abaixo da média europeia. Logo, o Governo mente sempre que diz que temos funcionários públicos a mais e a receber demais.
A saída do primeiro resgate vai ser seguida por um segundo resgate, mesmo que se chame “plano cautelar” e isso significa que a austeridade falha todas as metas que o Governo disse que ia cumprir, mas não falha no seu objetivo principal que é o alfa e o ómega do regime de austeridade: baixar salários.
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