Não aceitamos que os trabalhadores dos hipers sejam chantageados a abrir a 1 de Maio
Este ano, e pela primeira vez desde 1985, data em que abriu o primeiro hipermercado em Portugal, Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares dos Santos decidiram colocar-se contra as comemorações do Dia do Trabalhador. Os donos do Continente e do Pingo Doce, e ao contrário do que aconteceu nos últimos 25 anos, pretendem abrir portas no próximo dia 1 de Maio.
Ao saber das intenções da Sonae e da Jerónimo Martins, O CESP, Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, apresentou um pré-aviso de greve numa tentativa de garantir que os trabalhadores não seriam impedidos de celebrar esta data tão importante. Num contexto de precarização crescente das relações laborais é no entanto cada vez mais difícil exercer o direito à greve. Mesmo sobre trabalhadores com vínculos menos precários, já efectivos nestas duas empresas, a pressão e a chantagem têm sido grandes, e o Sindicato já o veio denunciar.
O CESP divulgou uma carta interna do Pingo Doce aos seus trabalhadores, onde afirmam que o Grupo Jerónimo Martins é cada vez mais um grupo que ”(…)funciona cada vez mais a duas velocidades, e a operação na Polónia é o real motor do nosso crescimento.” Certamente que se as lojas em Portugal não dessem lucro, e com a facilidade com que hoje se deslocam capitais, Alexandre Soares dos Santos já teria certamente fechado o ”tasco”. É porque é possível acumular mais-valia que se mantém em Portugal, é porque é possível acumular mais-valia a toda e qualquer hora, que Alexandre Soares dos Santos não quer perder mais um dia de lucro.
Segundo um dos comunicados do CESP, no Continente da Póvoa do Varzim a chantagem é mais directa e com ameaças concretas. Delfim Silva, director da loja, numa reunião com os trabalhadores faz as seguintes afirmações:
-”Não encarem isto como uma ameaça… Isto é a realidade. Vou apontar todos os nomes daqueles que estiverem escalados para o 1º de Maio e não aparecerem para trabalhar e vou-lhes fazer a vida negra…”
– “Quem estiver a fazer os turnos da manhã começa a fazer o horário da noite e não se esqueçam que a empresa pode transferi-los para qualquer loja num raio de 50Km.”
-“Para mim – e fazendo um gesto com o pé como se esmagasse um insecto – são como baratas! É para o lado que durmo melhor !”
As Câmaras Municipais têm competências legais para intervir neste processo. Mesquita Machado, Presidente da Câmara de Braga assinou um despacho que data de 27 de Abril, e onde decreta que se encerrem as grandes superfícies no 1º de Maio. E as restantes autarquias do país? Compactuarão com a situação?
Entre duas importantes datas de celebração, 25 de Abril e 1 de Maio, esta ofensiva da Sonae e da Jerónimo Martins funciona como um lembrete. Recorda-nos de que direitos e liberdades não são garantias. Direitos e liberdades necessitam de ser conquistados e defendidos todos os dias. Os Precários Inflexíveis recusam o convite constante de regresso ao século XIX no que concerne a direitos laborais, e garantem a sua solidariedade incondicional para com todos os trabalhadores dos super e hipermercados.
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E se houvesse uma proposta de boicote permanente e generalizado àos supermercados da SONAE e da Jerónimo Martins?
Há alternativas, que constam da lista do CESP. É perfeitamente possível ao consumidor normal não ir a essas duas marcas sem fazer grandes desvios da sua vida quotidiana.
Se as condições de precariedade, falta de respeito pelos direitos dos trabalhadores, salários miseráveis e condições horrendas são semelhantes em todos ou quase todos, pelo menos os que fecham dia 1 de Maio respeitam o Dia do Trabalhador.
Podemos dizer-lhes que estão na direcção certa, falta o resto; e dizer à SONAE e à Jerónimo Martins: assim boicotamos!
O que acham?
Vou fazer a mesma proposta noutros sítios: PT Uncut, PCP, ATTAC, BE. A ver…
Helena Romão
Helena, eu já dei início a um pequeno(?) boicote. Enviei emails à Sonae e Jerónimo Martins (além de preencher um impresso de reclamação, no Continente) informando-os de que irei boicotar as suas lojas por um período de quinze dias a um mês, com início amanhã, 1 de Maio. Vou cumprir o que prometi, passando a fazer compras, pelo menos durante esse período, em lojas que tiverem estado encerradas no dia do trabalhador. Vários amigos e familiares meus fizeram o mesmo. Sugiro-lhe que se junte a nós, haja ou não alguma acção por parte das organizações que referiu. Mobilize também outras pessoas, por email ou através das redes sociais.
Mulheres e homens morreram para comemorar este dia de grande significado politico e ediológico, para todos explorados e oprimidos do mundo, portanto esta atitude dos patrões com a cobertura deste Estado burguês não nos pode espantar.
O dia 1 de Maio é um dia luta, consequentemente esta atitude da burguesia e dos seus agentes mais reforça o significado deste dia, dia que deve ser comemorado com grande determinação, porque esta data não serve para fazer só marchas ou piqueniques, mas deve servir para derrotar os intentos da troika capitaneada pelo FMI e os seus serventuários, PS, PSD/CDS.
Viva o 1º De Maio Vermelho!