Não acredito

Nos últimos dias temos sido confrontados com noticias que contradizem muito do que se dizia antes do início da crise e ainda se tentava vender há pouco tempo atrás.

A teoria liberal formula diversas hipóteses a seu belo prazer e, sem nunca as fundamentar, forma o coro de gralhas engravatadas para que de teorias se façam dogmas.

Infelizmente para eles, mas também para nós, os dogmas liberais nunca correspondem à verdade e o desemprego não se rege pelas curvas da oferta e da procura.

Ontem uma manchete Jornal Económico anunciava que os licenciados são os mais afectados pela subida do desemprego (noticia aqui), assim, em Setembro, mais de um terço da subida do desemprego verificada nos centros do IEFP fez-se à conta dos licenciados. E, mais curioso ainda fez-se à custa de pessoas que tinham licenciaturas em áreas consideradas inafectáveis pelo desemprego, como física, matemática, química, etc.

Lá se vai a hipotese de que o desemprego tem, essencialmente, causas estruturais, nomeadamente de falta de qualificações da mão-de-obra.

Hoje ainda, soube-se também que Portugal baixou 5 lugares no ranking do Fórum Económico Mundial relativamente à igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho (notícia aqui). Assim se prova que, em tempos de crise, as mulheres continuam mais fracas no mundo de trabalho e mais desprotegidas quando chegam os momentos de contracção económica.

Isto também vai contra a hipótese tão propagandeada de que o capitalismo (selvagem) aumenta a igualdade de género porque toma apenas decisões racionais baseadas na eficácia das opções e não em escolhas com base em preconceitos.

Se não fora sentirmos na pele estas contradições podia ter piada assistirmos à queda dos dogmas de quem manda no mundo.

Ricardo Santana

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