Nos últimos dias só se fala de dinheiro. A Grécia precisa dele, a Alemanha não o quer dar por causa das eleições, a zona euro e principalmente os PIIGS olham para o que se está a passar para verem com que linhas se terão de coser, os especuladores entretêm-se a atacar o euro para poderem ganhar os milhões que tinham pensado ganhar este ano… e os 4 maiores bancos portugueses ganham 1 milhão de euros cada um a cada dia.
Quem vive do seu trabalho na europa está hoje a olhar para os cintos lá de casa a tentar perceber se ainda é possível arranjar maneira de fazer mais um buraco para os apertar. Será mesmo que vamos ter de fazer como os Irlandeses e cortar no salário da função pública drásticamente? Será mesmo que vamos ter de fazer como os gregos e abdicar dos subsídios de férias e de Natal e ainda perder uma parte do salário.
Será mesmo que não há dinheiro? Será que o problema é não haver dinheiro?
A Europa não pode continuar a ser a Europa dos mercados. Realmente não há dinheiro nem nunca vai haver dinheiro suficiente para alimentar a voragem suícida de quem quer fazer muita massa muito rápido.
Talvez já não nos lembremos, mas esta crise foi provocada pelos activos tóxicos do mercado de subprime que se espalharam pelos bancos do mundo, que tiveram de ser salvos com o dinheiro dos nossos impostos. Andaram a jogar no casino com o nosso dinheiro, quando perderam pediram-nos de novo o nosso dinheiro para pagarmos a conta do bar.
E agora, que os governos da Europa estão falidos, os bancos privados sobem as comissões e os spreads para apresentarem os mesmos lucros de sempre e a Europa, em vez de criar mecânismos que pudessem acelerar o crescimento económico e políticas monetárias à escala europeia, assobia para o lado e demora nas decisões que tem de fazer.
Com eles não há dinheiro nem trabalho por muito que nós trabalhemos o dobro ou triplo, recebendo menos, produzindo mais e tendo menos direitos e protecção social.