Negociar o inegociável ou esquecer o inesquecível

Mais uma vez vão ser renegociadas as metas do défice com a troika. A poucos dias do regresso dos “Homens de Negro” do FMI, BCE e CE, e pela terceira avaliação sucessiva com a troika (desde Setembro de 2012) haverá uma alteração dos valores do défice e dívida pública admitidos pelo memorando, que aumentarão. As medidas, cortes e destruição dos serviços sociais, esses devem continuar e acelerar. Apostam tudo em que nos esqueçamos que disseram que chamavam a troika por causa da dívida e do défice.

Homens de negro: "Olhe para aqui e esqueça-se de tudo o que aconteceu até hoje" (do filme MIB)
Homens de negro: “Olhe para aqui e esqueça-se de tudo o que aconteceu até hoje” (do filme MIB)

Dívida e défice, que eram supostamente as razões pela qual se chamou a troika, estão cada vez maiores. Porque o objectivo era e continua a ser apenas re-estratificar a sociedade, destruindo o Trabalho, os direitos e os serviços público. E por isso Paulo Portas o ex-ministro demissionário dos Negócios Estrangeiros transformado em Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Troika considera que “há margem para aumentar o objectivo do défice de 4% para 4,5%“. O objectivo de 5,5% para 2013 também teria que ser consequentemente aumentado, enquanto se continuavam a abater professores e a encher salas da aula com alunos acima do legal, a prometer cortes para as pensões (que agora o governo diz serem apenas para as pensões acima de 400€) e a empurrar dezenas de milhares de funcionários públicos para a mobilidade ou, usando as palavras correctas, para o desemprego. Hoje mesmo, em Oliveira do Bairro, Passos Coelho e Nuno Crato foram vaiados quando foram reinaugurar uma escola já inaugurada, sem pais nem alunos. Um velho governo que só conhece o ódio da rua, que governa contra a população e é recebido pela mesma como um inimigo.

No entanto os juros da dívida pública recomeçaram a aumentar, tendo ultrapassado novamente os 7%. A ameaça pendente do 2º resgate já é assumida por todo o lado. Nada terá que ver com dívidas ou défices. Será mais uma imposição de um modelo social e económico parecido com o da China: sem direitos no Trabalho e sem direitos sociais. O que era há uma ano inegociável agora negoceia-se. Desde que se consiga fazer com que as pessoas se esqueçam da breve história desta crise e dos seus culpados.

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